Bolsista: CLAUDIA GABRIELLE SANTOS DE ABREU
Orientador(a): Mônica Maria Crespo Costa
Resumo: os Arbovírus são um problema de saúde mundial, causando doenças que têm desencadeado complicações graves ao homem. A fragilidade no controle de seus vetores pode ter contribuído para a disseminação de novos arbovírus no Brasil, como o Zika (ZIKV) (FARIA et al., 2016), com consequências traduzidas no diagnóstico de microcefalia em recém-nascidos, associadas à infecção materna. Espécies de Aedes são as principais incriminadas na transmissão do ZIKV (FERNANDES et al., 2016; GOMARD et al., 2020), mas outras podem ter papel secundário nesse processo, como o Culex quinquefasciatus, que é vetor de outros patógenos, predominante nas Américas e apontado como vetor potencial do ZIKV (GUO et al., 2016; GUEDES et al., 2017). A capacidade vetorial para transmitir um patógeno vai além da competência vetorial, que é intrínseca ao vetor. A ela, estão associados fatores ambientais, de comportamento e do desempenho biológico, o que deve ser considerado nas investigações em diferentes contextos epidemiológicos, pois esses podem alterar a estimativa de ocorrência e dimensão de um surto (GARRET-JONES, 1964). A maioria dessas limita-se a avaliar a competência vetorial (AGHA et al., 2017; GOMARD et al., 2020), de modo que, até o momento, não há estudos sobre a capacidade vetorial de Cx. quinquefasciatus de campo em relação ao ZIKV, o que deixa lacunas no conhecimento sobre sua dinâmica de transmissão, sobretudo em Pernambuco, onde essa espécie apresenta alta antropofilia e abundância. Os resultados deste estudo poderão subsidiar gestores no controle populacional de espécies envolvidas na transmissão do ZIKV, contribuindo para saúde e bem-estar, especialmente da população residente em áreas com infraestrutura sanitária precária. OBJETIVOS: avaliar o custo biológico da exposição ao ZIKV, em um sistema de alimentação artificial, considerando-se as fecundidade, fertilidade e atividade de repasto sanguíneo, em Cx. quinquefasciatus de campo. METODOLOGIA: as amostras de ZIKV a serem utilizadas são da linhagem ZIKV BRPE243/2015 (DONALD et al., 2016), pertencente à coleção de vírus do Laboratório de Virologia e Terapia Experimental (LAVITE) do IAM. Os mosquitos, Cx. quinquefasciatus, serão mantidos no insetário do Dept. de Entomologia, em condições controladas de temperatura, umidade relativa do ar e fotoperíodo. Esses serão coletados em armadilhas BR-OVT (BARBOSA e REGIS, 2011), instaladas em residências, no município de Recife. Os moradores terão ciência do propósito da pesquisa, dos riscos e benefícios de terem armadilhas em suas casas, através do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). A exposição oral dos mosquitos ao ZIKV será realizada no infectório do IAM obedecendo-se as normas internacionais de biossegurança. Esse procedimento seguirá o protocolo descrito em Guedes et al. (2017). A extração de RNA e qRT-PCR das amostras de mosquitos estão descritas em GUEDES et al. (2017). Os resultados da qRT-PCR serão usados para identificar as fêmeas que desenvolveram a infecção e estimar as taxas de infecção e disseminação do ZIKV em Cx. quinquefasciatus. Após a exposição oral, fêmeas de cada grupo serão transferidas para gaiolas individuais, onde serão colocados recipientes com água, para a oviposição. Um repasto sanguíneo, sem a presença do vírus, será administrado às fêmeas sobreviventes no sétimo dia pós exposição (dpe). Os ovos do primeiro ciclo gonadotrófico serão contados e colocados para eclosão das larvas, a fim de determinar a fecundidade e fertilidade. No 14º dpe, as fêmeas que se alimentaram em sangue limpo serão coletadas e contadas para cálculo do percentual de fêmeas que completaram o ingurgitamento e avaliação da atividade de repasto sanguíneo. Na análise estatística, as conclusões serão tomadas ao nível de significância de 5%. A apresentação das variáveis será por meio de gráficos e tabelas. Observando-se os pressupostos de normalidade, será utilizado o teste de T-Student. Quando não, as medianas, (teste de Mann-Whitney).