Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição ZERO

Revista: Edição ZERO | Ano: 2022 | Corpo Editorial: Editorial
Avaliação ambiental, HPAs em ar
Bolsista: LARYSSA DOS ANJOS PECANHA
Orientador(a): THELMA PAVESI
Resumo: Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) estão entre os contaminantes mais difundidos no ambiente na atualidade. São substâncias binárias, de carbono e hidrogênio, compostos por três ou mais anéis aromáticos, compondo uma classe de mais de uma centena de compostos. Geralmente estão no ambiente como misturas complexas e não como compostos individuais, havendo maior interesse naqueles com três a cinco anéis. A maioria dos HPAs entram na atmosfera como vapor e são adsorvidos por partículas e também são encontrados em águas superficiais como resultado de precipitação atmosférica ou de descargas industriais, águas continentais e marinhas, plantas terrestres e aquáticas, solos, sedimentos e nos alimentos. A exposição humana ocorre por poluição ambiental e exposição ocupacional, dieta e tabagismo através da inalação, ingestão ou através da absorção cutânea. Mesmo exposições a baixas concentrações causam vários agravos à saúde, havendo formação de adutos com o DNA e outras macromoléculas, em especial proteínas, relacionados a alguns tipos de câncer como o de pulmão, pele, bexiga, esôfago e sistema hematopoiético. As informações obtidas com o monitoramento ambiental podem prevenir e/ou explicar eventos adversos ou impactos na saúde de determinada população e são extremamente necessárias para prevenir uma condição de desequilíbrio ambiental, além de avaliar as ações e estratégicas corretivas e de redução dos efeitos nocivos à saúde. O objetivo deste subprojeto é realizar uma revisão bibliográfica para levantamento da metodologia empregada na coleta e análise de HPAS em amostras de ar, levantamento dos principais resultados do monitoramento ambiental de HPAs em ar no Brasil nos últimos cinco anos; familiarizar a aluna bolsista com: os instrumentos equipamentos de coleta de ar, a reduzida escala de amostra e reagentes, e apresentar a bolsista a técnicas de cromatografia acompanhando as etapas de desenvolvimento, otimização e validação de metodologia.
EFEITO DE POLIMORFISMOS NO DOMÍNIO RDRP DA PROTEÍNA NS5 DO VÍRUS DA FEBRE AMARELA NA REPLICAÇÃO E VIRULÊNCIA VIRAL
Bolsista: AMANDA FERREIRA LACERDA DA SILVA
Orientador(a): MYRNA CRISTINA BONALDO
Resumo: Nosso grupo de pesquisa detectou um conjunto de polimorfismos nas proteínas NS3 e NS5, componentes do complexo replicativo viral, presente no YFV causador do recente surto de febre amarela no sudeste brasileiro (1,2). Devido à grande expansão viral no surto, houve a geração de outras variantes virais, em especial à observada no vírus RJ155, último caso de YFV circulante no estado RJ, com alterações no domínio RNA polimerase (RdRp) da NS5 (NS5 391 K, 622M e 645 I) (3). Estudos preliminares indicam que este vírus apresenta maiores taxas de replicação em células de insetos e mamíferos assim como uma maior virulência em camundongos. Nosso objetivo é o de estabelecer se estas variações na RdRp estariam associadas a uma maior replicação e virulência viral.
Manutenção de colônias e produção de saliva de Amblyomma cajennense sensu stricto Fabricius, 1787 e Amblyomma sculptum Berlese, 1888 (Acari: Ixodidae)
Bolsista: KETLEI MONTEIRO TAVARES
Orientador(a): ANDRE DE ABREU RANGEL AGUIRRE
Resumo: Sabe-se que a saliva dos carrapatos é de suma importância para o sucesso de seu repasto em um hospedeiro. A saliva possui diversas moléculas com distintas funções bioativas que envolvem aspectos desde ação anticoagulante, anti-inflamatória, analgésica e imunomoduladora. Considerando isto, este trabalho visa a manutenção de colônias de carrapatos Amblyomma cajennense sensu stricto (s.s.) e Amblyomma sculptum, para obtenção de saliva dessas espécies para aplicação em outros projetos sobre ação imunomoduladora em leucócitos murinos e humanos na Fiocruz Rondônia. Essas espécies de carrapatos são já colonizadas na referida instituição, devido serem carrapatos de importância em saúde pública e veterinária no Brasil, e carecerem estudos sobre a ação da saliva dessas espécies na resposta imune. Para tal finalidade, neste subprojeto estão sendo mantidas colônias desses carrapatos em coelhos (Oryctolagus cuniculus) em condições experimentais, para as fases parasitárias. As fases não parasitárias estão sendo mantidas em estufa B.O.D., com temperatura e umidade controladas. A coleta de saliva desses carrapatos é realizada em fêmeas parcialmente ingurgitadas (partenóginas), alimentadas em coelhos. Para tal, as partenóginas são manualmente removidas da pele do hospedeiro, lavadas, e é aplicado solução de pilocarpina através de agulha e seringa. Após a aplicação da pilocarpina, a salivação é acompanhada por 2h, a saliva é coletada em ponteiras encaixadas no hipostômio dos carrapatos, transferida a microtubos mantidos em gelo até o final do processo de salivação. Após, a saliva é estocada em freezer a -80°C. Para a manutenção das colônias de carrapatos, até o momento foram realizadas duas infestações somando 400 ninfas de carrapatos A. sculptum para obtenção de 187 adultos, e uma infestação com adultos de A. cajennense s.s., que resultou em aproximadamente 4.000 larvas, para manutenção da colônia. Ademais, foi realizada uma infestação para obtenção de um total de 405 µL. Conclui-se que as metodologias foram adequadas para atingir os resultados, no entanto, algumas dificuldades foram observadas para o cumprimento dos objetivos, como: colônia de A. cajennense s.s. estava com poucos exemplares para obtenção de quantidade de adultos suficiente para obtenção de saliva, atraso na aquisição e transporte de novos coelhos devido a diminuição da malha aérea por consequência da pandemia de CoViD-19.
INDUC?A?O DO FENO?TIPO DE RESISTE?NCIA EM CEPA DE Leishmania (Viannia) braziliensis COM/SEM O ENDOSSIMBIONTE Leishmania RNA virus DO TIPO 1 AO ANTIMONIAL TRIVALENTE
Bolsista: Brenda Feitoza de Queiroz
Orientador(a): Gabriel Eduardo Melim Ferreira
Resumo: A leishmaniose tegumentar (LT) acomete cerca de 12 milhões de pessoas em 98 países. No Brasil, essa doença ocorre em todos os estados, tendo a Região Norte com maior número de casos e uma maior prevalência da forma mucosa (LM). A média de cerca de 1.000 novos casos anuais de LT em Rondônia está associada principalmente as espécies Leishmania (Viannia) braziliensis e L. (V.) guyanensis .O tratamento de primeira escolha para a LT é realizado com o antimonial pentavalente, que apresenta importantes efeitos colaterais e baixo sucesso terapêutico em algumas regiões da América do Sul. Dentre os fatores que podem determinar o baixo sucesso do antimonial pentavalente estão as distintas espécies de Leishmania, com diferentes perfis de resposta terapêuticas, e a presença do endossimbionte viral Leishmania RNA virus do tipo 1 (LRV1) em determinadas cepas de Leishmania do subgênero Viannia. O objetivo geral deste projeto é avaliar e descrever os efeitos da indução do fenótipo de resistência em cepas de L. braziliensis com/sem o endossimbionte LRV1 ao antimonial trivalente. Neste estudo serão incluídas duas cepas de L. braziliensis, sendo uma contendo LRV1 (MHOM/BR/2015/RO475) e a outra não (MHOM/BR/2014/RO314). Essas cepas serão cultivadas em meio líquido Schneider suplementado com soro fetal bovino, urina humana estéril e gentamicina. Para cada cepa antes e após a indução será avaliada a curva de crescimento para definição da fase logarítmica e definição do ponto de análise de susceptibilidade. Os ensaios in vitro com o antimonial trivalente para determinação da inibição de crescimento de 50% (IC50) serão realizados com uma concentração de 1x106 e diferentes concentrações do fármaco antimonial trivalente, em duplicata técnica e controles branco, positivo e negativo. Para a indução da resistência, as cepas serão expostas gradualmente as concentrações de antimonial trivalente correspondente ao IC50 determinado previamente, conforme descrito na literatura. Com esses experimentos, espera-se um melhor entendimento, mesmo que exploratório por conta da limitação amostral, do efeito da presença do endossimbionte viral LRV1 na biologia de Leishmania. Esse resultado permitirá o direcionamento de novos estudos relacionados tanto a biologia do parasito quanto a sua relação com fármacos e desfecho clínico.
Terapia genética por CAR-T-cell anti-CD22: engendrando células do paciente para tratamento do câncer em uma abordagem in silico.
Bolsista: José Samuel dos Santos Barbosa
Orientador(a): Marcos Roberto Lourenzoni
Resumo: Os CARs são moléculas de proteína recombinante que podem ser expressas em células imunológicas, especificamente em linfócitos T, por meio de métodos de tecnologia do DNA recombinante. O CAR possui a função de redimensionar a ação dos linfócitos T contra células alvo, como células cancerígenas, as quais possuem em sua superfície um antígeno específico. De uma forma geral, os CARs são constituídos por três domínios ou porções em diferentes gerações de CAR, sendo o mais usado o de segunda geração. Importante destacar que no domínio extracelular de CAR, há um fragmento variável de cadeia única (scFv) e o hinge. O scFv é formado pelas porções VL e VH (domínio variável da cadeia leve e pesada) de um anticorpo monoclonal (mAb) e um linker; e é responsável pelo reconhecimento ao antígeno expresso pela célula cancerígena. O scFv é o ponto focal dessa proposta. Recentemente, começaram aparecer os resultados dos desenvolvimentos de CARs Bi específicos anti-CD19/CD22 publicações, patentes e testes clínicos. Em geral, esse tipo de CAR utiliza dois scFvs em sua porção extracelular, um anti-CD19 derivado do anticorpo murino FM63 e outro anti-CD22 proveniente do mAb M971 (4). A compreensão do mecanismo atomístico-molecular envolvendo um dos scFvs com seu respectivo antígeno específico, por meio de técnicas computacionais, é uma das estratégias capaz de auxiliar na proposição de mutações que poderão realçar a interação scFv-antígeno, beneficiando a afinidade. Um aumento de afinidade do scFv de M971 pelo CD22, por exemplo, pode viabilizar a obtenção do CAR Bi específico completo e melhorado, com as mutações sugeridas. O trabalho de Ereño-orbea e colaboradores (5) apresenta uma estratégia de desenho racional para realçar a afinidade M971/CD22, através de proposição de mutação sítio dirigida no M971. Foram usadas coordenadas atômicas da estrutura, obtidas por cristalografia de Raios-X, do complexo formado pelo Fab M971 e domínios extracelulares d6 e d7 do antígeno CD22, que contém o epítopo de ligação. De acordo com o trabalho desses pesquisadores, a mutação Y52R aumentou a afinidade de ligação do complexo scFv-CD22 em 5 vezes (KD = 5 nM). O aumento na afinidade observado torna a mutação Y52R promissora para aplicação em scFvs de CARs anti-CD22 e CARs Bi específicos anti-CD19/CD22. Existem duas principais técnicas computacionais que objetivam estimar a afinidade de ligação, são elas: técnica de Mecânica Molecular de Poisson-Boltzmann com Solvatação da Área de Superfície (MM/PBSA) e método de Força Adaptativa (ABF). As técnicas MM/PBSA e ABF podem ser utilizadas para calcular os valores de energia livre de ligação entre o scFv de M971 e o CD22, a fim de comparar com os resultados experimentais obtidos por Ereño-orbea e colaboradores (5). Assim, tem-se a possibilidade de validar a proposição da mutação Y52R, descrita como favorável para aplicação em scFv de CARs Bi específicos anti-CD19/CD22. As técnicas mencionadas estão ligadas a simulação de Dinâmica Molecular (DM). Portanto, um estudo usando DM para obter informações a nível atomístico-molecular, para entender como ocorre a interação entre o scFv de M971 e o antígeno CD22, possibilita o desenho racional para proposição de mutações e realçar a afinidade. A apuração se as mutações conferem maior ou menor afinidade é possível avaliar por MM/PBSA e ABF. Os resultados obtidos in sílico serão testados in vitro e in vivo dentro de um projeto DECIT, coordenado pelo Dr. Martin Bonamino, que trata do desenvolvimento de CARs anti-CD19, anti-CD20, anti-CD22 e anti-CD19/CD22 e outros, com testes in vitro e in vivo.
Avaliação da capacidade reprodutiva e de alimentação sanguínea de Culex quinquefasciatus natural de Recife/PE após exposição ao vírus Zika
Bolsista: CLAUDIA GABRIELLE SANTOS DE ABREU
Orientador(a): Mônica Maria Crespo Costa
Resumo: os Arbovírus são um problema de saúde mundial, causando doenças que têm desencadeado complicações graves ao homem. A fragilidade no controle de seus vetores pode ter contribuído para a disseminação de novos arbovírus no Brasil, como o Zika (ZIKV) (FARIA et al., 2016), com consequências traduzidas no diagnóstico de microcefalia em recém-nascidos, associadas à infecção materna. Espécies de Aedes são as principais incriminadas na transmissão do ZIKV (FERNANDES et al., 2016; GOMARD et al., 2020), mas outras podem ter papel secundário nesse processo, como o Culex quinquefasciatus, que é vetor de outros patógenos, predominante nas Américas e apontado como vetor potencial do ZIKV (GUO et al., 2016; GUEDES et al., 2017). A capacidade vetorial para transmitir um patógeno vai além da competência vetorial, que é intrínseca ao vetor. A ela, estão associados fatores ambientais, de comportamento e do desempenho biológico, o que deve ser considerado nas investigações em diferentes contextos epidemiológicos, pois esses podem alterar a estimativa de ocorrência e dimensão de um surto (GARRET-JONES, 1964). A maioria dessas limita-se a avaliar a competência vetorial (AGHA et al., 2017; GOMARD et al., 2020), de modo que, até o momento, não há estudos sobre a capacidade vetorial de Cx. quinquefasciatus de campo em relação ao ZIKV, o que deixa lacunas no conhecimento sobre sua dinâmica de transmissão, sobretudo em Pernambuco, onde essa espécie apresenta alta antropofilia e abundância. Os resultados deste estudo poderão subsidiar gestores no controle populacional de espécies envolvidas na transmissão do ZIKV, contribuindo para saúde e bem-estar, especialmente da população residente em áreas com infraestrutura sanitária precária. OBJETIVOS: avaliar o custo biológico da exposição ao ZIKV, em um sistema de alimentação artificial, considerando-se as fecundidade, fertilidade e atividade de repasto sanguíneo, em Cx. quinquefasciatus de campo. METODOLOGIA: as amostras de ZIKV a serem utilizadas são da linhagem ZIKV BRPE243/2015 (DONALD et al., 2016), pertencente à coleção de vírus do Laboratório de Virologia e Terapia Experimental (LAVITE) do IAM. Os mosquitos, Cx. quinquefasciatus, serão mantidos no insetário do Dept. de Entomologia, em condições controladas de temperatura, umidade relativa do ar e fotoperíodo. Esses serão coletados em armadilhas BR-OVT (BARBOSA e REGIS, 2011), instaladas em residências, no município de Recife. Os moradores terão ciência do propósito da pesquisa, dos riscos e benefícios de terem armadilhas em suas casas, através do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). A exposição oral dos mosquitos ao ZIKV será realizada no infectório do IAM obedecendo-se as normas internacionais de biossegurança. Esse procedimento seguirá o protocolo descrito em Guedes et al. (2017). A extração de RNA e qRT-PCR das amostras de mosquitos estão descritas em GUEDES et al. (2017). Os resultados da qRT-PCR serão usados para identificar as fêmeas que desenvolveram a infecção e estimar as taxas de infecção e disseminação do ZIKV em Cx. quinquefasciatus. Após a exposição oral, fêmeas de cada grupo serão transferidas para gaiolas individuais, onde serão colocados recipientes com água, para a oviposição. Um repasto sanguíneo, sem a presença do vírus, será administrado às fêmeas sobreviventes no sétimo dia pós exposição (dpe). Os ovos do primeiro ciclo gonadotrófico serão contados e colocados para eclosão das larvas, a fim de determinar a fecundidade e fertilidade. No 14º dpe, as fêmeas que se alimentaram em sangue limpo serão coletadas e contadas para cálculo do percentual de fêmeas que completaram o ingurgitamento e avaliação da atividade de repasto sanguíneo. Na análise estatística, as conclusões serão tomadas ao nível de significância de 5%. A apresentação das variáveis será por meio de gráficos e tabelas. Observando-se os pressupostos de normalidade, será utilizado o teste de T-Student. Quando não, as medianas, (teste de Mann-Whitney).
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