Bolsista: Laíza Vianna Arruda
Orientador(a): ANTONIO JOSE DA SILVA GONCALVES
Resumo: A febre da zika é uma arbovirose, transmitida principalmente por mosquitos do gênero Aedes, mas há também a possibilidade de transmissão por contato sexual, transfusão sanguínea e transmissão vertical, com relatos alarmantes de casos de Síndrome Congênita da Zika associadas à infecção. Sabe-se que o vírus da Zika (ZIKV) atravessa a placenta e infecta o feto, mas a patogênese dessa doença ainda não foi esclarecida. A partir disso, o presente projeto visa compreender melhor as consequências que a infecção pelo ZIKV pode causar na linhagem de células trofoblásticas da placenta, HTR-8/SVneo. Para isso, padronizamos um protocolo de infecção, utilizando diferentes MOIs de vírus (0,1, 0,2 ou 1) por 24h ou Mock (controle negativo), avaliando o número de células infectadas por imunofluorescência e citometria de fluxo. Em seguida, analisamos os cortes semifinos e as alterações ultraestruturais das células infectadas por microscopia eletrônica de transmissão. Avaliamos também a atividade de enzimas relacionadas ao estresse oxidativo celular, como Superóxido Dismutase (SOD), Catalase (CAT) e a produção de espécies reativas como o Malondialdeído (MDA) e o Óxido Nítrico (ON). Através da análise por imunofluorescência observamos que na infecção com 1 MOI de ZIKV foi possível detectar maior intensidade de marcação da proteína NS1 em relação às outras MOIs, e essa foi a melhor condição, confirmada pela citometria de fluxo, a qual induziu o maior percentual de células infectadas (44,2%). Na análise dos cortes semifinos observamos que as células estavam íntegras após o processamento e nas amostras infectadas, foi possível observar mais prolongamentos celulares, indicando que as células estavam ativadas. A avaliação da ultraestrutura das células infectadas mostrou alterações nas mitocôndrias, que estavam menores e com perda de cristas mitocondriais, retículo endoplasmático com cisternas menos dilatadas e presença de muitos prolongamentos e secreção de vesículas, comparado ao controle (Mock) que apresentou aspectos morfológicos normais. As células infectadas apresentaram aumento significativo da atividade da enzima antioxidante SOD, do MDA e do ON (1,29±0,41 U/mg de proteína, 0,01±0,001 nmol/mg de proteína e 95,68±52,01?mol/ml) em comparação ao controle (0,21±0,11 U/mg de proteína, 0,003±0,002 nmol/mg de proteína e 48,79±9,18?mol/ml), respectivamente. Já a atividade enzimática de CAT foi menor nas células infectadas pelo ZIKV (5,1 ± 3,8 U/mg de proteína) em comparação controle (33,88 ± 30,0 U/mg de proteína), devido ao rápido consumo e esgotamento da mesma na infecção. Esses resultados auxiliarão o maior entendimento da patogênese da doença, pois podem elucidar quais as consequências da infecção em células placentárias. Suporte financeiro: IOC-FIOCRUZ, CNPq and FAPERJ.