Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição ZERO

Revista: Edição ZERO | Ano: 2022 | Corpo Editorial: Editorial
Padronização e validação de ensaio imunoenzimático (ELISA), utilizando antígenos recombinantes, para o diagnóstico da Leishmaniose Mucosa.
Bolsista: FLAVIA NUNES ZEFERINO
Orientador(a): Mariana Lourenço Freire
Resumo: A leishmaniose mucosa (LM) é considerada a forma mais grave de leishmaniose tegumentar (LT) devido ao seu caráter destrutivo e potencial para gerar dano funcional nos tratos respiratório e digestivo. No Brasil, cerca de 25% dos pacientes com LM são diagnosticados apenas por critério clinico-epidemiológico, o que demonstra a dificuldade de acesso ao diagnóstico laboratorial adequado, sendo ainda mais preocupante devido a toxicidade do tratamento. Considerando a restrição das técnicas disponíveis, que ainda exigem procedimentos invasivos para coleta do material biológico, nossa proposta se baseia no desenvolvimento de um Ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA) para detecção de anticorpos para o diagnóstico da LM. Devido à disponibilidade prévia em nosso grupo de pesquisa, serão avaliados os seguintes antígenos recombinantes específicos de Leishmania sp. : Triparedoxina mitocondrial peroxidase (mTXNPx); Proteína homóloga do receptor para cinase C ativada de Leishmania (LACK); Proteína quinase ativada por mitógeno 4 (MAPK4); Proteína de Membrana dos Kinetoplastídeos-11 (KMP-11); Fosfatase ácida secretada (sAcP); Proteína Hipotética (LbPH). Visando a melhor discriminação entre amostras positivas e negativas, inicialmente será conduzida uma padronização do ELISA utilizando cada antígeno recombinante e variados alguns parâmetros relevantes, como a placa de ELISA, a concentração do antígeno utilizada, a diluição das amostras e o tipo e diluição do conjugado. Em seguida, a validação dos ELISAs utilizando cada antígeno será realizada em amostras de painel de soro de pacientes atendidos no Centro de Referência em Leishmaniose (CRL-IRR) com suspeita de LT e acometimento mucoso, que consentiram em participar do projeto. Os resultados de sensibilidade e especificidade obtido para os ELISAs, serão comparados com os do exame direto, cultura, PCR convencional e exame histopatológico. O desenvolvimento desse projeto contribuirá para a produção de um kit protótipo para diagnóstico da LM, capaz de efetivamente aumentar o acesso dos pacientes ao diagnóstico confirmatório da doença no Brasil.
O papel do miR-205 na migração de queratinócitos humanos em resposta à Leishmania braziliensis
Bolsista: SOFIA LIRIO SANTOS SILVA
Orientador(a): Natalia Machado Tavares
Resumo: As leishmanioses são um complexo de doenças negligenciadas causada por um parasito protozoário do gênero Leishmania que atinge cerca de 12 milhões de pessoas no mundo. A leishmaniose cutânea (LC) é a forma mais frequente dessa doença. No Brasil, a principal espécie causadora dessa forma cutânea da doença é a Leishmania braziliensis (Lb). A LC é caracterizada por lesão(s) cutânea(s) ulceradas(s) com bordas elevadas e centro necrótico, uma doença com uma inflamação crônica descontrolada e exacerbada. A reprogramação de transcritos celulares do hospedeiro permite a modulação da expressão de genes relacionados à resposta imune e sua alteração por microrganismos. Neste processo, pequenos RNAs não-codificantes têm um papel fundamental. Os microRNAs (miRNAs), pequenos RNAs endógenos não codificantes, surgiram nos últimos anos como moléculas-chave na regulação da expressão gênica. Dados do nosso grupo mostraram que o perfil de expressão do miR-205 encontra-se inibido na LC e em outras doenças inflamatórias de pele como, Psoríase, Lúpus e Hanseníase. Esses achados reforçaram a hipótese de que esse miRNA pode exercer um papel importante em diferentes doenças inflamatórias de pele independente da sua etiologia. Então, validamos o perfil de expressão do miR-205 em novas biópsias de pacientes com LC e em queratinócitos humanos imortalizados (HaCats) expostos a Lb, diante de lesões mecânicas. Esses dados mostraram que a exposição por Lb reduz a expressão do miR-205. Além disso, realizamos ensaios de proliferação e migração celular, uma vez que a literatura associa tais habilidades como eixo funcional desse miRNA. O miR-205 parece não interferir na capacidade de proliferação da célula frente a exposição a Lb, no entanto, ele regulou a migração dessas células, dado que o percentual de fechamento de lesão no ensaio in vitro foi maior nos grupos transfectados com esse miRNA e menor com a exposição a Lb. Sendo assim, o objetivo desse trabalho é avaliar o papel do miR-205 na migração de queratinócitos humanos expostos a Leishmania braziliensis. Para isso, queratinócitos humanos serão expostos a Lb por 4 ou 24 horas mediante lesões mecânicas a fim de avaliar marcadores de migração, formação de complexos de adesão e podossomos por microscopia de fluorescência. Será realizado também, ensaios para avaliação da capacidade de migração dos queratinócitos em ambientes bidimensionais e tridimensionais frente a indução do miR-205 e exposição ao parasito. Dessa forma, entender os mecanismos moleculares do miR-205 no processo de migração de queratinócitos expostos a Lb e sua relação com o fechamento da ferida são fundamentais para propor novas estratégias terapêuticas.
Detecção do vírus da hepatite A e Parvovírus B19 em doadores de sangue: avaliação da prevalência e do risco residual de transmissão por transfusão sanguínea
Bolsista: Beatriz Chan Rio
Orientador(a): LUCIANE ALMEIDA AMADO LEON
Resumo: O vírus da hepatite A (HAV) é um vírus hepatotrópico que causa infecções agudas assintomáticas ou sintomáticas que podem levar à hepatite fulminante, cujo desfecho é, em geral, a falência do fígado e a principal forma de tratamento é o transplante do órgão. O parvovírus B19 (B19V) infecta células precursoras de eritrócitos e megacariócitos e pode causar, em indivíduos imunocomprometidos, aplasia de células vermelhas e hepatite aguda fulminante. O risco de transmissão transfusional desses agentes já foi descrito em vários países da Europa e dos Estados Unidos da América, enquanto no Brasil tem sido negligenciado. No Brasil, a transmissão do HAV para receptores de hemoderivados procedentes de um doador assintomático foi relatada por nosso grupo de pesquisa. Um dos receptores, portador de hepatite C crônica, foi a óbito por hepatite fulminante. O risco de transmissão transfusional do B19V é alto devido à infecção persistente na medula óssea e à alta carga viral na fase aguda. No Brasil, não existem dados na literatura sobre a prevalência de HAV-RNA em doadores de sangue. A detecção de B19 DNA em doadores de sangue brasileiros é de aproximadamente 1%, com carga viral podendo atingir 1×1014 geq/mL, suficiente para contaminar pools de plasma destinados ao fracionamento. Os bancos de sangue nacionais utilizam testes sorológicos e moleculares de alta sensibilidade (quimioluminescência e NAT) para detecção de infecção por hepatite B e C, HIV 1/2, sífilis, chagas e HTLV1/2. O principal objetivo deste estudo é avaliar o risco de transmissão transfusional desses agentes virais potencialmente transmissíveis (HAV e B19) em amostras de plasma de doadores de sangue do HEMORIO utilizando PCR em tempo real, para detecção e quantificação da carga viral.
ESTUDO DO COMPORTAMENTO DINÂMICO DA ENZIMA CRUZAÍNA NAS FORMAS APO E COMPLEXADA COM INIBIDORES DO GRUPO 2-ACETAMIDOTIOFENO-3-CARBOXAMIDA
Bolsista: HELLEN VALERIO CHAVES MOURA DE SOUZA
Orientador(a): NUBIA BOECHAT ANDRADE
Resumo: Neste trabalho, simulações por DM de 100ns foram realizadas, com o objetivo de estudar o comportamento dinâmico da enzima CRZ do T. cruzi em sua forma apo e complexada com cinco Inibidores da calsse 2-acetamidotiofeno-3-carboxamida. A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que os inibidores 1-5 ligam-se à CRZ via ligações de hidrogênio, principalmente, com os resíduos Gln19, Gly20, Ser64, Gly66, Leu67, Leu160, Asp161, Ser183 e Thr184. Dentre os resíduos apresentados, Gln19, Gly66, Leu67 e Asp161 se destacam, pois, ratificam os resultados descritos nos trabalhos de Wiggers e colaboradores e Hoelz e colaboradores (WIGGERS et al., 2013; HOELZ et al., 2015). As análises também sugerem que a compacidade da CRZ não sofre alterações significativas, mantendo a composição da estrutura secundária estável durante toda simulação, mesmo quando complexada com os inibidores 1-5. O estudo dos movimentos de alta amplitude e de baixa frequência da CRZ mostrou que a enzima, na forma apo, apresentou maior amplitude de movimentos na alça L3. No entanto, a interação dos inibidores 1-5 na CRZ promoveu uma mudança da amplitude e direção de movimento dessa mesma alça. Por meio da análise de correlação cruzada propõe-se que a interação dos inibidores 1-5 na CRZ foi capaz de diminuir os movimentos correlacionados da estrutura dessa enzima, incluindo as flutuações dos resíduos da tríade catalítica (regiões 1 e 5). Com a análise do mapa rede, pode-se sugerir que a interação dos inibidores 1-5 aumenta o número de comunidades presentes na hélice, que possui o resíduo Cys25 (resíduo catalítico), onde esse processo parece estar diretamente ligado à inibição enzimática. Além disso, pode-se propor que a energia livre de ligação dos inibidores 1-4 é um fator importante para a inibição competitiva da CRZ, onde uma energia mais negativa representa uma maior afinidade do inibidor pela enzima CRZ. Portanto, os resultados apresentados neste trabalho contribuem para um melhor entendimento do mecanismo de inibição da enzima CRZ, mediado por inibidores não-covalentes, auxiliando, dessa forma, o planejamento de novos agentes terapêuticos contra a doença de Chagas.
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