Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição ZERO

Revista: Edição ZERO | Ano: 2022 | Corpo Editorial: Editorial
Prevalência e perfil clínico de disglicemia e infecção pelo HIV em pessoas com tuberculose pulmonar no Brasil
Bolsista: Joao Pedro Miguez Pinto
Orientador(a): BRUNO DE BEZERRIL ANDRADE
Resumo: Introdução: Existem poucos dados sobre a prevalência e apresentação da doença do HIV em pacientes com tuberculose (TB) e disglicemia (diabetes [DM] e pré-diabetes [PDM]), especialmente em países com TB endêmica. Métodos: Avaliamos as características epidemiológicas e clínicas basais de pacientes com TB pulmonar confirmada por cultura, inscritos em uma coorte prospectiva multicêntrica no Brasil (RePORT-Brasil) durante 2015-2019. A disglicemia foi definida por hemoglobina glicada elevada e estratificada como PDM ou DM. Além disso, usamos dados de casos de TB obtidos por meio do Sistema Nacional de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), durante 2015-2019. No SINAN, o diagnóstico de diabetes foi baseado no autorrelato. Modelos de regressão logística foram realizados para testar associações independentes entre HIV, status de disglicemia e outras características basais em ambas as coortes.Resultados: Na coorte RePORT-Brasil, a prevalência de DM e de PDM foi de 23,7 e 37,8%, respectivamente. Além disso, a prevalência de HIV foi de 21,4% no grupo de pessoas com TB-disglicemia e 20,5% no de pacientes com TBDM. Na coorte do SINAN, a prevalência de DM foi de 9,2%, e no grupo TBDM a prevalência de HIV foi de 4,1%. As regressões logísticas demonstraram que o envelhecimento foi associado independentemente com PDM ou DM nas coortes RePORT-Brasil e SINAN. No RePORT-Brasil, o uso de drogas ilícitas foi associado à PDM, enquanto o maior índice de massa corporal (IMC) foi associado à ocorrência de DM. É importante notar que o HIV não foi associado a um risco aumentado de PDM ou DM em pacientes com TB pulmonar em ambas as coortes. Além disso, em ambas as coortes, o grupo TBDM-HIV apresentou menor proporção de baciloscopia positiva e maior frequência de usuários de tabaco e álcool. Conclusão: Existe uma alta prevalência de disglicemia em pacientes com TB pulmonar no Brasil, independentemente do status de HIV. Isso reforça a ideia de que o DM deve ser sistematicamente rastreado em pessoas com TB. A presença de HIV não afeta substancialmente a apresentação clínica em pessoas com TBDM, embora esteja associada ao uso mais frequente de drogas recreativas e amostras de escarro negativas durante a triagem de TB.
AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DA MOLÉCULA HLA-G NAS PLACENTAS DE MULHERES COM COVID-19 E PRÉ-ECLÂMPSIA
Bolsista: SAMUEL FERREIRA SILVA
Orientador(a): Norma Lucena Cavalcanti Licinio da Silva
Resumo: O HLA-G é uma molécula de histocompatibilidade de classe I, não clássica, com atividades imunomoduladoras, com efeito inibitório sobre diferentes vias relacionadas à reposta imune inata e adaptativa, encontrada pela primeira vez em citotrofoblastos extravilosos em 1990, exercendo inibição sobre o sistema imunológico da mãe, assegurando a manutenção da gravidez. Alterações nas funções inibitórias do HLA-G são encontradas em algumas condições patológicas, como na pré-eclâmpsia, na eclâmpsia, em abortos de repetição, em infecções, neoplasias e doenças autoimune. Ao se ligar diretamente aos receptores de superfície de células imunes, o HLA-G pode inibir a proliferação de células T, células NK e células B, citocinas anti-inflamatórias, produção de imunoglobulina, ativação de MICA/NKG2D ou senescência celular. A expressão de HLA-G pode ser regulada positivamente por vários vírus, incluindo SARS-CoV-2, podendo favorecer a evasão imune do vírus e a progressão da doença. As modificações no sistema imunológico materno necessárias para hospedar o feto semi-alogênico aumentam o risco de infecção grave por SARS-CoV-2 na gravidez. A proteína spike do SARS-CoV-2 se liga ao receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) nas células do trato respiratório, interiorizando o vírus, promovendo o dano celular e quadro grave de inflamação, com risco de vida para o doente. O receptor ACE também é encontrado na face materna da placenta. Há uma atenuação geral do sistema imunológico da gestante e elevação da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) na circulação materna, aumentando a suscetibilidade das gestantes ao SARS-CoV-2. Além disso, o efeito imunomodulador do HLA-G na gravidez pode ter implicações adicionais diante da infecção por SARS-CoV-2. Outrossim, o padrão de lesões placentárias decorrentes da COVID-19 corresponde à arteriopatia decidual: o vírus invade o organismo através do receptor ACE2, alterando o sistema renina-angiotensina-aldosterona, levando à vasoconstricção. O estado inflamatório sistêmico ou hipercoagulável também pode influenciar as alterações funcionais da placenta e sofrimento fetal. Ademais, a expressão diminuída de HLA-G é determinada geneticamente e está associada ao desenvolvimento de pré-eclâmpsia. Este subprojeto é um desdobramento do projeto “Contribuição de moléculas/genes de histocompatibilidade, receptores, citocinas e fatores pós-transcricionais na patogênese e evolução da infecção por Coronavírus (SARS-CoV-2) em gestantes e recém-nascidos”, que tem como objetivo avaliar a expressão da molécula HLA-G e do receptor ACE2 associada à resposta imune em gestantes com COVID-19 com e sem pré-eclâmpsia. Foram processadas 150 placentas de gestantes com COVID-19, das quais 58 apresentaram alteração macroscópica da placenta, e ainda 58 placentas de gestantes sem COVID-19 cujas placentas não apresentaram alterações macroscópicas. Essas placentas foram blocadas, e cortes de tecidos foram realizados para estudos de imuno-histoquímicas. A padronização da imunofluorescência para os anticorpos anti-ACE2 monoclonal de coelho e anti-Spike monoclonal de camundongo foi realizada para avaliar a sensibilidade entre a ligação do anticorpo primário com os fragmentos das placentas, testes com dupla marcação está em andamento. A imuno-histoquímica de HLA-G já está padronizada no nosso laboratório. Desse modo, as imuno-histoquímicas para ACE2, Spike e HLA-G nas diferentes amostras serão realizadas nesse próximo período de bolsa, quando poderemos quantificar a expressão de cada biomarcador em 150 placentas de pacientes que testaram positivo para a COVID-19 (grupo de estudo) e 58 de pacientes que testaram negativo para a COVID-19 (grupo controle), visando associar alterações na expressão desses biomarcadores com a presença e gravidade da COVID-19 associada ou não a pré-eclâmpsia. Apoio: FIOCRUZ, CNPq, FACEPE, IMIP, UFPE.
Detecção de agentes zoonóticos virais em roedores sinantrópicos e populações humanas
Bolsista: Patricia Dias Galvão Alves
Orientador(a): JORLAN FERNANDES DE JESUS
Resumo: Os roedores sinantrópicos Mus musculus, Rattus norvegicus e Rattus rattus foram introduzidos e estabeleceram populações em todos os continentes, exceto na Antártida. Concomitantemente, junto com esses animais diversos agentes zoonóticos capazes de causar doenças humanas também forma introduzidos em novas áreas. Neste cenário se destacam dois vírus, o vírus da coriomeningite linfocítica (LCMV) e o vírus Seoul (SEOV) que possuem como principias reservatórios os roedores da espécie Mus musculus e Rattus norvegicus, respectivamente. Recentemente, o vírus Wenzhou (WENV) foi detectado em de R. norvegicus e M. musculus, na China, mas sua dispersão para outras áreas ainda é desconhecida. Esses vírus são capazes de causar infecções crônicas em seus respectivos hospedeiros roedores, resultando em disseminação persistente ou esporádica ao longo da vida do vírus em suas excretas. No Brasil, levantamentos realizados em domicílios de regiões de alta vulnerabilidade socioeconômica demonstraram altas taxas de infestações por roedores. Mesmo assim, são relativamente poucos os estudos que abordam o monitoramento de agentes infecciosos nesses animais, em especial vírus. Assim, o objetivo deste estudo é detectar a circulação dos vírus SEOV, LCMV e WENV em amostras de roedores e em populações humanas do Brasil. Adicionalmente, uma revisão sistemática sobre a detecção de vírus em roedores e morcegos coletados em nosso território também foi realizada. Até o momento 125 amostras de soro e fragmentos de pulmão de roedores da espécie R. novergicus obtidas de quatro comunidades da cidade de Salvador – Bahia foram testadas para presença de anticorpos e de RNA viral para LCMV. Um total de 21 (16,8%) amostras foram positivas pelas técnicas de RT-PCR (12,8% - 16/125) e ELISA (5,0% - 5/125). A busca sistemática nas bases PubMed, LILACS, SciELO, Scopus e WoS, por patógenos em roedores no Brasil, descrevem a detecção de quatro famílias de roedores em 71 artigos, e um total de 17 famílias virais infectando roedores. A pesquisa por agentes virais em quiróptero no território nacional resultou num total de 106 artigos elegíveis, descrevendo a detecção de 20 famílias virais em 48 gêneros diferentes de morcegos. O Brasil possui biomas com grande diversidade faunística, onde mais de 74 gêneros e 236 espécies de roedores com já foram registrados, o que aponta para a necessidade de estudos acerca de patógenos zoonóticos em roedores, incluindo as espécies sinantrópicas encontradas no ambiente urbano. Neste sentido, uma vigilância ecoepidemiológica ativa pode auxiliar no manejo de recursos para respostas rápidas a possíveis surtos causados por agentes zoonóticos relacionados a estes animais.
Aplicação de citometria para a determinação do perfil pró-coagulante de plaquetas como fator preditivo de morte em pacientes com HIV
Bolsista: Janilma Ferreira Viegas
Orientador(a): Paulo Afonso Nogueira
Resumo: Alterações na contagem de plaquetas, na morfologia e fisiologia plaquetária são muito frequentes na infecção pelo HIV. Alguns desenvolvem trombocitopenia enquanto outros com trombocitose, além de ser bastante descrito quadros exacerbados de ativação plaquetária. Este estudo pretende aplicar a citometria de fluxo para avaliar alterações plaquetárias como marcadores de desfecho clínico em pessoas vivendo com HIV. Esse projeto está integrado em uma coorte prospectiva com acompanhamento para apontar preditores de desfecho morte na população HIV/AIDS, baseados nas condições clínico-laboratoriais, radiológicas e resposta inflamatória. A coleta será realizada até 24 horas da admissão (D0) na enfermaria e acompanhados até o desfecho (alta ou óbito) com coletas sucessivas nos dias D4, D7 e D14. As subpopulações de plaquetas serão fenotipadas utilizando o anticorpos contra CD41, e CD42 (receptor do fator de Von Willebrand), CD31, CD142 (fator tecidual), CD62P e RANTES. Serão observadas as alterações morfológicas, como formação de agregados e micropartículas. O aspecto pro-coagulante das plaquetas será avaliado pela fenotipagem de plaquetas com anticorpos. Espera-se que a aplicação da citometria para determinar as alterações morfológicas e o aspecto pró-coagulante das plaquetas funcione como biomarcadores de desfecho clínico/gravidade a fim de ser utilizado no acompanhamento dos pacientes HIV/AIDS internados.
Intervenções nutricionais e dietéticas em crianças com paralisia cerebral: revisão sistemática de literatura
Bolsista: ISABELA RODRIGUES MANSUR
Orientador(a): FERNANDA REBELO DOS SANTOS
Resumo: Justificativa e relevância: A paralisia cerebral é uma lesão cerebral extremamente grave associada a múltiplos problemas nutricionais e clínicos, como baixo peso, refluxo gastresofágico, constipação e deficiência de nutrientes. Intervenções dietéticas e nutricionais baseadas em evidências podem melhorar a qualidade de vida de crianças com paralisia cerebral, visto que é reconhecida a influência da nutrição nas mudanças no funcionamento do corpo humano, tanto na cadeia causal das doenças quanto na modificação das respostas em doenças já estabelecidas. A identificação de intervenções dietéticas ou nutricionais com bons resultados no tratamento de transtornos comuns em crianças com paralisia cerebral, com evidências científicas de alto nível, é importante para a construção de protocolos e para o direcionamento da prática baseada em evidências, fornece subsídios para a gestão e organização da atenção nutricional em saúde pública, promovendo a redução da morbidade e dos custos hospitalares e a melhoria da qualidade de vida das crianças com paralisia cerebral. Objetivos: Revisar sistematicamente ensaios clínicos randomizados avaliando intervenções nutricionais e dietéticas nos aspectos clínico, nutricional e do neurodesenvolvimento de crianças com paralisia cerebral. Adicionalmente, avaliar a qualidade desses estudos e propor orientações para investigações futuras. Métodos: Foi realizada uma busca em bases de dados eletrônicas (LILACS, Medline, Web of Science, Embase, Scopus, Cochrane Library, ClinicalTrials.gov, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, ProQuest Dissertations and Theses Database, OpenGrey) utilizando-se palavras-chave como: ("paralisia cerebral" OR "encefalopatia crônica não progressiva") AND (criança OU crianças) AND (nutrientes OU nutrição OU dieta). Os estudos elegíveis foram ensaios clínicos randomizados, incluindo crianças entre 2 e 12 anos e avaliando o efeito de intervenções nutricionais ou dietéticas nos resultados clínicos, nutricionais ou de neurodesenvolvimento. A seleção dos estudos foi realizada por dois investigadores independentes utilizando-se o software Covidence. A extração de dados foi realizada por meio de um questionário estruturado por dois autores. Um terceiro autor revisou os dados e resolveu quaisquer divergências. O risco de viés foi investigado usando a ferramenta RoB-2 por dois avaliadores independentes. O estudo foi registrado no PROSPERO (CRD42020181284). Resultados: Um total de 508 referências foram obtidas em bases de dados eletrônicas. Após a exclusão de duplicatas, 399 referências foram selecionadas para leitura de títulos e resumos, dos quais 43 estudos foram selecionados para leitura do texto completo. Quinze estudos preencheram todos os critérios de elegibilidade e foram selecionados para a revisão sistemática. Os resultados positivos incluíram o uso de fórmulas enterais à base de soro de leite ou enriquecidas com pectina para refluxo gastroesofágico (n=6); suplementação de 25-hidroxivitamina D para hipovitaminose D (n=2); suplementação com mistura lipídica ou dieta com energia de alta densidade para melhora das medidas antropométricas (n=2); suplementação com probióticos, prebióticos, simbióticos ou magnésio para constipação (n=2); sistema de suporte nutricional para função motora grossa (n=1); lactoferrina e hidróxido de ferro polimaltose para anemia ferropriva (n=1); e intervenção educativa para melhorar as habilidades alimentares (n=1). O risco geral de viés foi alto para 60% dos estudos. Os demais estudos foram avaliados com alguma preocupação (30,0%), não havendo estudos com baixo risco de viés. Mais de 40% dos estudos apresentaram um alto risco de viés ou algumas preocupações para três dos cinco domínios avaliados: viés decorrente do processo de randomização (13,3% alto; 33,3% algumas preocupações), viés devido a desvios das intervenções pretendidas (6,7% alto; 53,3% algumas preocupações) e viés na seleção dos resultados relatados (100% algumas preocupações) Conclusão: Algumas intervenções dietéticas e nutricionais promissoras podem promover melhorias clínicas importantes para pacientes com paralisia cerebral. No entanto, as evidências são fracas, pois poucos ensaios clínicos foram publicados com muitos erros metodológicos, levando a um alto risco de viés. O pequeno número de ensaios clínicos randomizados sobre o uso de intervenções nutricionais em crianças com paralisia cerebral aliado aos resultados promissores encontrados revela uma área negligenciada com potencial para melhorar a qualidade de vida da saúde de famílias em todo o mundo.
Métodos de Investigação Diagnóstica das Doenças Genéticas e Defeitos Congênitos Múltiplos a Partir do DNA
Bolsista: naiara gomes ferreira da silva
Orientador(a): JUAN CLINTON LLERENA JUNIOR
Resumo: A primeira etapa deste projeto foi alcançada. A extração de DNA otimizada para uso clínico, quantificado; e, sua pureza analisada pelos padrões da espectofotometria e gel de agarose. As ilustrações apresentadas mostram minha prática cotidiana no laboratório na dinâmica e metodologias empregadas em forma de um fluxo de processos. Esta experiência inicial foi fundamental para sedimentar os conceitos básicos sobre o DNA, métodos de extração, resultados considerados ideais; assim como, muitos resultados considerados inadequados. Os dois métodos utilizados apresentaram ótimos resultados. As próximas etapas, compreenderão a utilização de metodologias distintas para a análise do DNA segundo a suspeita médica de investigação de acordo com a resolução exigida pelo método e delineados nos objetivos específicos.
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