Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição ZERO

Revista: Edição ZERO | Ano: 2022 | Corpo Editorial: Editorial
Triagem de novos compostos para aplicação da terapia da exacerbação aguda da DPOC induzida pela infecção com o vírus Influenza H1N1.
Bolsista: HOZANA BEATRIZ DA SILVA SANTOS
Orientador(a): TATIANA PAULA TEIXEIRA FERREIRA
Resumo: A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) representa um grave problema de saúde pública, devido a sua alta prevalência global. As manifestações clínicas dessa doença progressiva incluem, bronquite crônica, falta de ar e enfisema. Este último, se caracteriza pela destruição das paredes alveolares, o que leva a um quadro de hiperinsuflação pulmonar devido a perda da elasticidade do pulmão, quadro este que compromete a função pulmonar dos pacientes. O desenvolvimento do quadro enfisematoso esta estreitamente relacionado com o tabagismo, e as principais células inflamatórias envolvidas nessa resposta são os macrófagos, neutrófilos e linfócitos. Durante o processo inflamatório na DPOC, diversos mediadores são liberados, como espécies reativas de oxigênio, citocinas e quimiocinas, que vão contribuir para a intensificação do processo inflamatório e dano tecidual. Dano este que é irreversível e altera a capacidade e estrutura pulmonar. Os tratamentos disponíveis na clínica atualmente não são muito eficazes, assim é justificada a busca por alternativas terapêuticas eficientes para estes pacientes. No contexto de doenças pulmonares crônicas, um importante alvo terapêutico são as enzimas fosfodiesterases (PDEs), em especial a PDE4. Neste cenário a PDE4 se destaca, sendo considerada um importante alvo terapêutico no caso de doenças de caráter inflamatório. Desta forma, o projeto em questão visa, identificar o efeito terapêutico de derivados N-metil-N-acilidrazônico (NAHs), sulfonamídicos e sulfonilidrazônicos, como fármaco anti-inflamatório/ antienfisematoso na DPOC. Para isso, camundongos C57BL/6 fêmeas os animais receberão 40 µL de solução contendo 0,2 UI de elastase (PPE – Sigma Aldrich) por aspiração orofaríngea. Os animais controle receberão igual volume de salina. Os animais serão avaliados 1 ou 14 dias após a instilação. Os ensaios serão realizados no laboratório de Inflamação pela equipe autorizada a frequentar o mesmo, incluindo a bolsista de iniciação científica.
Acesso a serviços de atenção hospitalar no período neonatal: análise de redes de deslocamento entre municípios do Estado do Paraná
Bolsista: Daniela Martins Silveira
Orientador(a): Hellen Geremias dos Santos
Resumo: Nas últimas três décadas, o Brasil vivenciou um processo de redução das desigualdades socioeconômicas, universalização do acesso aos serviços de saúde e promoção de políticas públicas na área de Saúde Materno-Infantil. Esse cenário implicou mudanças no perfil social e reprodutivo das mulheres e nos fatores de risco para óbitos infantis, resultando em declínio de óbitos no período pós-neonatal. Por outro lado, novos desafios surgiram, em especial os relacionados à demanda por assistência a mulheres com gestação de alto risco e a recém-nascidos com condições marcadoras de morbidade neonatal grave, exigindo investimentos em infraestrutura e no treinamento de recursos humanos e na configuração de redes de atenção à saúde. Objetivou-se identificar redes de deslocamento (origem-destino) na busca por assistência em serviços de atenção hospitalar no período neonatal de recém-nascidos residentes no Estado do Paraná nos triênios 2008-2010 e 2017-2019, correspondentes a períodos pré e pós instituição de Regiões de Saúde e do Programa Rede Cegonha. Para cada triênio foram calculados indicadores de saúde (taxa de mortalidade infantil (TMI) e neonatal) e de oferta de serviços (nº de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal/1.000 nascidos vivos), segundo Regionais de Saúde (RS) do Estado. Para a construção das redes, dados de internações de crianças com idade entre 0 e 27 dias na admissão hospitalar, residentes em um dos 399 municípios do Estado do Paraná, cuja internação tenha ocorrido em um município diferente do de residência foram obtidas do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde. Para o cálculo dos indicadores, os dados foram obtidos dos Sistemas de Informações sobre Mortalidade e de Informações sobre Nascidos Vivos e do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde para os anos 2009 e 2018. Cada par distinto entre local de residência e de ocorrência da internação representou um deslocamento, para o qual a distância (em quilômetros – km) foi calculada. O número de internações para um descolamento representou um fluxo. Essas medidas foram utilizadas para a configuração de redes, representadas em grafos. A frequência de deslocamentos dentro da mesma RS, entre RS da mesma macrorregião e entre RS de macrorregiões distintas foi calculada, bem como medidas resumo das distâncias percorridas (em quilômetros – km) e de indicadores de saúde e de oferta de serviços relacionados à assistência neonatal, segundo RS e triênio estudado. No total, 39.022 internações foram selecionadas, 13.342 ocorridas no triênio 2008-2010 e 25.680 no triênio 2017-2019. Com base nesses registros, foram identificados 1.415 e 1.608 pares distintos de origem-destino, no primeiro e segundo período. A análise de deslocamentos segundo RS, revelou que, em 2008-2010, apenas 7 das 22 RS do Estado apresentavam deslocamentos predominantemente intrarregionais (80% ou mais dos deslocamentos ocorreram na mesma RS). No triênio recente, esse número passou para 14. As RS com frequência mais alta de deslocamentos para outras RS foram a 3ª RS (Ponta Grossa), com 83% e 78%, a 21ª RS (Telêmaco Borba), com 72% e 86%, e a 13ª RS (Cianorte), com 66% e 41%, no primeiro e segundo triênio, respectivamente. A 2ª RS (Metropolitana) foi o principal destino dos municípios de origem da 3ª e 21ª RS, com distância média de 114 e 176 km, respectivamente. Para a 13ª RS, o principal destino foi a 15ª RS (Maringá) (86 km), e no período recente, também a 12ª RS (Umuarama) (68 km). Em 2018, a 13ª e a 21ª RS foram as únicas sem leitos de UTI neonatal. Em 2009, a 21ª RS foi a que apresentou maior TMI e neonatal, e em 2018, a 13ª RS apresentou maior TMI e ocupou o 3º lugar para a mortalidade neonatal. Nesse período, a 21ª RS ocupou a 5ª posição para ambos os indicadores. Os resultados sugerem que, apesar do processo de regionalização, há desigualdades socioespaciais na distribuição de serviços especializados, implicando piores indicadores de saúde Materno-Infantil.
Planejamento e Síntese de novos derivados triazolopirimidínicos com potencial atividade contra o Plasmodium falciparum
Bolsista: Vitor Manoel Manhães da Silva Vieira
Orientador(a): CRISTIANE FRANCA DA COSTA
Resumo: Pouco investimento é destinado à pesquisa e desenvolvimento (P&D) de medicamentos para o tratamento de doenças que atingem as populações pobres nas regiões mais vulneráveis do planeta. Tratamentos inadequados para diversas doenças infecciosas e parasitárias vêm vitimando um número elevado de pessoas principalmente em países em desenvolvimento. Tratamentos inadequados para diversas doenças infecciosas e parasitárias vêm vitimando um número elevado de pessoas nestes países. A malária é uma doença negligenciada que ainda é potencialmente ameaçadora, pois é a principal causa parasitária de morbidade e mortalidade ao redor do mundo, especialmente em países em desenvolvimento com sérios problemas de custos econômicos e sociais. A malária é causada por parasitos do gênero Plasmodium, transmitida ao homem através da picada da fêmea infectada de mosquito Anopheles. Cinco espécies são responsáveis pela transmissão em seres humanos: P. falciparum, P. vivax. P. ovale, P. malariae e P. knowlesi. O P. falciparum é o mais agressivo, sendo responsável por 90 % das mortes no mundo causando maior morbimortalidade. Na infecção por P. falciparum, o paciente deve ser tratado dentro de 24 horas, pois o diagnóstico tardio pode levar ao agravamento da doença, como a malária cerebral. O P. vivax é a espécie mais disseminada, tornou-se uma preocupação de saúde pública devido à dificuldade de eliminação do parasito, pois este possui uma característica particular: a produção de hipnozoítos. Os hipnozoítos alojam-se no fígado por semanas causando recaídas no paciente, semana a meses após o início da infecção e dificultando o tratamento. O P. falciparum e P. vivax, representam mais de 95% dos casos de malária, constituindo um grave problema de saúde pública. A capacidade do Plasmodium em adquirir resistência aos antimaláricos disponíveis associada à dificuldade de desenvolver novos fármacos menos tóxicos e mais eficazes, tem sido o maior desafio para o tratamento da malária. A seleção de um alvo específico, que pode interagir com as moléculas em estudo, tem sido uma abordagem importante para o desenvolvimento de novos fármacos antimaláricos, entre eles se destaca a enzima Di-idroorotato Desidrogenase de P. falciparum (PfDHODH). A DHODH está presente em humanos (HsDHODH), porém, difere-se estruturalmente da enzima presente no parasito, devido variação na composição de aminoácidos. Acredita-se que essa diferença estrutural, seja responsável pela seletividade da enzima do parasito sobre a enzima humana. A combinação entre dois agentes farmacológicos em uma só molécula é uma estratégia emergente empregada no processo de descoberta de novos fármacos na química medicinal, denominada hibridação molecular. Neste sentido, foram planejados novos derivados com importantes grupos farmacofóricos presentes nos compostos-protótipos com estrutura química definida e atividade biológica conhecida. Tendo em vista a obtenção de candidatos a fármacos antimalariais, este projeto tem como objetivo a síntese e avaliação antiplasmódica e citotoxicidade de novos derivados potenciais contra o P. falciparum. O trabalho visa a obtenção de derivados inéditos com boa atividade antimalarial e baixa toxicidade, que posteriormente possam ser empregados na terapêutica da malária.
ANÁLISE DE DADOS DE SEQUENCIAMENTO DE AMOSTRAS DO AR CAPTURADOS POR DRONES
Bolsista: LUDIMILLA VITORIA LEONEL LOPES
Orientador(a): Antônio Mauro Rezende
Resumo: A abordagem de metagenômica se caracteriza por utilizar o sequenciamento de ácidos nucléicos para avaliar a microbiota de determinados ambientes e compartimentos. Essa estratégia é principalmente usada para a prospecção e identificação de microrganismos com o menor viés possível, pois essa caracterização independe de métodos de cultivo normalmente utilizados em estudos sobre a microbiota. No que tange a poluição do ar e os seus malefícios para a saúde humana, os resultados que serão produzidos no presente trabalho, tem como objetivo principal compreender a dinâmica dos microrganismos em sua totalidade levando em consideração os fatores abióticos e a interação destes micróbios em comunidade no ambiente aéreo. Além disso, assimilar de que maneira a intervenção humana modifica a atividade destes organismos pode fornecer embasamento científico para que entidades adotem uma postura profilática no que diz respeito a possíveis patologias e alterações climáticas relacionadas aos microrganismos presentes no ar. Atualmente, as coletas de materiais do ambiente aéreo são realizadas utilizando grandes equipamentos que são fixados em edifícios, logo são realizadas coletas localizadas sem alteração do ponto geográfico e sem variações na altitude da coleta. Uma vez que a localização geográfica e a altitude influenciam de forma direta em diversas variáveis abióticas do ambiente, propomos aqui o desenvolvimento de uma abordagem inovadora para monitoramento microbiológico do ar, utilizando aeronaves não tripuladas, de pequeno porte, popularmente conhecidas como drones, associadas à coleta de ar e posterior análise utilizando sequenciamento de DNA de Nova Geração para avaliação das comunidades microbianas encontradas em diversas regiões da cidade do Recife - PE em diversas altitudes.
Estudo do perfil polimórfico de genes da via das lectinas do complemento em indivíduos provenientes de áreas endêmicas de Leishmaniose Tegumentar.
Bolsista: Larine Lowry Moura
Orientador(a): FABIANO BORGES FIGUEIREDO
Resumo: A Leishmaniose Tegumentar (LT) é uma doença infecciosa causada principalmente por parasitos do gênero Leishmania, caracterizada pela formação de lesões arredondadas com borda elevada, granulações e secreções, que afeta principalmente países subdesenvolvidos e parcelas menos favorecidas da população. A doença é transmitida através do repasto sanguíneo da fêmea do flebotomíneo infectada com os parasitos. A resposta do sistema imunológico frente a doença pode variar de acordo com o paciente e é determinante para a manifestação da doença. As proteínas do sistema complemento atuam na opsonização do parasito, o qual é encaminhado para a fagocitose mediada por receptores, crucial para a sobrevivência do patógeno no hospedeiro. Já foi evidenciado que polimorfismos envolvendo o gene da Ficolina 2 (FCN2) da via das lectinas do complemento atuam diretamente na suscetibilidade de pacientes diagnosticados para Leishmaniose, tanto para a forma tegumentar quanto para a manifestação visceral da doença. No entanto, não há estudos envolvendo outros genes de importância para a ativação da via das lectinas nesse contexto. Assim, serão avaliadas novas formas de polimorfismos nos genes MBL2, FCN1, FCN2 e FCN3 em 600 pacientes com suspeita de LT provenientes de áreas endêmicas para a doença. Após o diagnóstico por PCR, será feita a seleção dos éxons dos referidos genes e será feito o desenho de primers para cada éxon através da plataforma NCBI. As amostras serão encaminhadas para sequenciamento a fim de investigar novos polimorfismos e, posteriormente, associá-los ao diagnóstico dos pacientes.
VALIDAÇÃO DO QUESTIONÁRIO DE DISTÚRBIOS DO OLFATO PARA A LÍNGUA PORTUGUESA DO BRASIL EM PACIENTES COM SÍNDROME PÓS COVID-19
Bolsista: Márcio Andrade Barreto Filho
Orientador(a): Viviane Sampaio Boaventura de Oliveira
Resumo: INTRODUCTION: Olfactory dysfunction (OD) has been recognized as a long COVID symptom, considering that many patients report persistence after one month of disease onset. Here we aimed to evaluate the impact of OD on quality of life (QoL) of patients with confirmed SARS-CoV-2 infection. METHODS: This is a cross-sectional study performed between August, 2021 to March, 2022 at the Centro Pos-COVID (CPC), a public health outpatient clinic located in Salvador-Bahia (Brazil). Patients with mild to severe SARS-CoV-2 infection that persisted with olfactory dysfunction after one month of disease onset were invited to participate. QoL was accessed using the Questionnaire of Olfactory Disorders Questionnaire (QOD), translated and validated to Brazilian Portuguese. The QOD assesses parosmia (QOD-P) and QoL (QOD-LQ) in likert-type questions, originating final scores from 0 to 100, with high results corresponding to worst QOL impairment. Totally and partially agreed were considered as positive responses for individual frequency analysis. University of Pennsylvania Smell Identification Test (UPSIT) were performed to evaluate olfactory function, respectively. RESULTS: We evaluated 33 patients (67% female, 52±12.5 years, 76% black and mixed race), with history of mild (n=18), moderate (n=8) or severe (n=7) COVID-19 that persisted with olfactory complaints 8.6 (6.5–12.8) months after disease onset. The majority reported irritability (91%), anxiety (88%), eating disorders (88%) and fear of danger situations (85%). We observed high impact in QoL measured by QOD-LQ (58±19.3 on a scale from 0 to 100) and parosmia, measured by QOD-P. In total, 25 individuals scored above 75 in QDO-P, with 11 individuals presenting maximum scores in parosmia statements impairment. According to the UPSIT test, severe hyposmia and anosmia were detected in 19 (65%) and 4 (14%) patients and were not associated with QoL. Parosmia strongly correlated with worse QoL (?=0.547,p=0.001). DISCUSSION/CONCLUSION: Long COVID patients may experience prolonged OD and major impact on QoL. The OD impact on QoL is subjective and does not appear to be associated with the degree of olfactory alteration. Smell-related QoL influences general mental health, demonstrated by the alterations in SF-12 domains. In light of these findings, specific QoL evaluation for COVID-19 patients with OD has proven relevant and may prevent potential damage to affected individuals.
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