Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição ZERO

Revista: Edição ZERO | Ano: 2022 | Corpo Editorial: Editorial
Parasitoses intestinais em comunidades rurais do Estado do Piauí: estratégias de divulgação científica e de educação em saúde para o fortalecimento da Vigilância em Saúde na APS
Bolsista: LUANNA MARIA OLIVEIRA SANTOS
Orientador(a): KERLA JOELINE LIMA MONTEIRO
Resumo: As parasitoses intestinais são doenças negligenciadas que infectam principalmente indivíduos entre 6 a 12 anos. No Piauí, o acesso à saúde pode estar comprometido pelas fragilidades das condições sanitárias envolvendo o território e a falta de acesso à alguns serviços. Nesse contexto, a Atenção Primária em Saúde pode atuar monitorando dados ambientais e de saúde que identifique as vulnerabilidades comunitárias e contribua para a rápida capacidade de resposta à essas doenças. O objetivo do estudo foi avaliar as estratégias de ações socioeducativas de divulgação científica e popularização da ciência em profissionais de saúde para o enfrentamento das parasitoses intestinais em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de Teresina, Piauí. Trata-se de um estudo qualitativo, de caráter exploratório e descritivo, com pesquisa-ação e observação participante na UBS de Chapadinha Sul, comunidade de Chapadinha Sul. Foi realizado um levantamento bibliográfico sobre a prevalência das parasitoses intestinais na região do estudo através das bases de dados e biblioteca virtual PubMed, LILACS e Scielo. Um questionário está sendo estruturado na plataforma “Google forms” e um material didático para a equipe de profissionais de saúde da UBS está sendo construído. Os resultados parciais mostraram, através das bases de dados e biblioteca virtual analisadas, uma escassez de estudos publicados sobre parasitoses intestinais no local do estudo. Dentre os artigos selecionados e analisados, foram identificados todos os principais geo-helmintos de importância para a Saúde Pública com destaque para os ancilostomídeos. Representando o grupo dos protozoários patogênicos, Giardia duodenalis e as amebas do complexo Entamoeba histolytica/dispar foram diagnosticadas nas amostras estudadas. Outros parasitos como Entamoeba coli, Enterobius vermicularis e Hymenolepis nana também foram observados. Um questionário sobre conhecimentos, atitudes, práticas e percepções (CAP) para a obtenção de informações sobre parasitoses intestinais foi elaborado e abordou quatro principais temas a serem respondidos pelos profissionais de saúde da UBS antes e depois das práticas socioeducativas: i) etiologia das parasitoses intestinais; ii) ciclo biológico e transmissão; iii) abordagem clínica e iv) abordagem social. Além disso, um jogo denominado Parasitogame foi idealizado para promover a discussão sobre o tema “parasitoses intestinais” entre a equipe de saúde da UBS. O estudo será importante para potencializar o conhecimento sobre parasitoses intestinais entre profissionais de saúde e propiciar ações de vigilância que preveem a promoção e prevenção de casos de helmintíases e protozooses intestinais na região. A equipe atuará como interlocutora e contribuirá para a sensibilização da população sobre o tema do estudo.
PREVALÊNCIA DE SÍFILIS EM PESSOAS QUE FAZEM USO DE CRACK EM CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL
Bolsista: MILENA DA SILVA DE JESUS
Orientador(a): ANA RITA COIMBRA MOTTA DE CASTRo
Resumo: A sífilis, infecção provocada pelo Treponema pallidum, pode ser transmitida pela vias sexual, vertical ou sanguínea. Entre as populações vulneráveis às infecções sexualmente transmissíveis (IST) estão as pessoas que fazem uso de drogas, incluindo o crack, devido aos fatores comportamentais de risco que apresentam, como o número elevado de parceiros sexuais, a prática de atividade sexual sem proteção, prática sexual em troca de drogas ou dinheiro. Diante do exposto, o presente estudo transversal objetiva estimar a prevalência e identificar os possíveis fatores preditores associados à infecção pelo T. pallidum em pessoas que fazem uso de crack em Mato Grosso do Sul. Um total de 700 participantes foram submetidos à coleta de sangue e entrevista durante o período de novembro de 2013 a julho de 2015. Todas as amostras foram submetidas à detecção de anticorpos anti-T. pallidum utilizando teste treponêmico (imunocromatográfico). As amostras positivas foram submetidas à semi-quantificação de anti-cardiolipina utilizando teste não treponêmico (VDRL). Do total de 700 indivíduos, 524(74,9%) residiam em Campo Grande, 84,7% dos participantes eram do sexo masculino e a mediana de idade foi de 32 anos (18-68 anos). A maioria se auto-declarou como não brancos (68,1%), relataram ter de 5 a 9 anos de estudo formal (63,1%), não ter companheiro fixo (78,7%). Ser profissional do sexo, ter sofrido violência sexual e histórico de infecção sexualmente transmissível foram relatados por 8,0%, 14,8% e 35,1% dos participantes, respectivamente. A presença de ferimento/ferida/queimadura na cavidade bucal nos últimos 6 meses foi relatada por 45,6% dos indivíduos. O uso de drogas injetáveis foi relatado por 13,3% dos participantes e, dentre estes, 44,4% relataram ter compartilhado agulhas e seringas. A prevalência de infecção pelo Treponema pallidum foi de 21,1% (IC95%: 18,3-24,3%). Dos 148 indivíduos positivos para anti-T.pallidum, 42,6% (63/148), apresentaram títulos ? 1/8 no teste de VDRL, caracterizando sífilis em atividade. Destes, 106 (71,6%) apresentaram positividade no teste de VDRL. Entre as amostras positivas para o VDRL, 40,6% (43/106) apresentaram títulos menores ou iguais a 1/4 e 59,4% (63/106) títulos maiores ou iguais a 1/8. As análises estatísticas dos fatores associados a esta infecção estão sendo conduzidas.
Análise do envolvimento do receptor nuclear PPAR gama na astrogliose e neuroinflamação na sepse causada pela Klebsiella pneumoniae
Bolsista: Marina Ferreira Costa
Orientador(a): ADRIANA RIBEIRO SILVA
Resumo: A presença de astrócitos reativos está correlacionada com diversas neuropatologias. Os distúrbios neurológicos são descritos durante e após os eventos de sepse e podem piorar o prognóstico dos indivíduos. A presença de astrócitos ativados e inflamação ocorre em casos de sepse, mas o número de trabalhos ainda é pequeno e os mecanismos envolvidos entre sepse e astrogliose relacionando com a inflamação ainda são desconhecidos. Os fármacos que possam inibir os mecanismos de ativação glial tem potencial para diminuir os efeitos deletérios induzidos por estas neuropatologias. Avaliaremos o efeito do tratamento com o agonista de PPAR gama rosiglitazona na resposta imunológica glial conhecida como astrogliose. A rosiglitazona controla o metabolismo de lipídeos, de glicose e a resposta inflamatória. Com o uso de camundongos Swiss, verificaremos o efeito da administração de rosiglitazona na astrogliose em modelo animal de pneumosepse causada pela bactéria Klebsiella pneumoniae. Realizaremos a análise de marcadores de astrogliose em cérebros de animais infectados e tratados com rosiglitazona e associaremos com a inflamação local, através da avaliação da produção de mediadores inflamatórios como as citocinas. Verificaremos se o fármaco rosiglitazona inibe a astrogliose e a neuroinflamação, no intuito de avaliar os mecanismos moleculares envolvidos e uma potencial aplicação terapêutica.
Diversidade genética de Plasmodium vivax utilizando microssatélites como marcadores moleculares em uma área de alta endemicidade para malária no município de Oipoque, AP
Bolsista: Diego Calafate Arregue
Orientador(a): MARTHA CECILIA SUAREZ MUTIS
Resumo: Justificativa: O Plasmodium vivax é a espécie mais prevalente que causa malária na Amazônia brasileira. O projeto maior “Epidemiologia da malária e estudo dos conhecimentos sobre a doença entre garimpeiros do município de Oiapoque, Amapá, Brasil (Projeto OrPal-BR”) pretende estabelecer a epidemiologia da malária e da infecção pelo Plasmodium spp. entre garimpeiros do município de Oiapoque-Amapá na área de fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa e determinar os conhecimentos sobre a doença nesta população. Essa avaliação ocorreu antes e depois de uma intervenção em saúde que foi realizada entre garimpeiros nesse município. Como parte da avaliação da intervenção, foram coletadas amostras de sangue desses garimpeiros para avaliar a presença de infecção por Plasmodium spp. Por outro lado, a Estratégia Técnica Mundial da malária propõe a eliminação dessa doença nas próximas décadas. Um dos empecilhos para que essa eliminação aconteça tem a ver com o pouco conhecimento de uma série de aspectos como a dinâmica da transmissão, a biologia e a genética do P. vivax que tem sido considerado um parasito negligenciado. Uma melhor compreensão da dinâmica de transmissão e genética populacional do P. vivax é crucial para prever o surgimento e disseminação de novos fenótipos do parasito com importantes implicações para a saúde pública, tais como novos padrões reincidentes, a resistência aos medicamentos e aumento da virulência. Dados sobre a diversidade dessas populações podem também informar sobre padrões migratórios dos patógenos, o impacto de medidas de controle da doença e controle de fronteiras. O subprojeto aqui apresentado tem como objetivo determinar o padrão de diversidade genética do P. vivax de amostras de pacientes sintomáticos e assintomáticos no município de Oiapoque, uma área altamente endêmica para malária em um local de difícil acesso geográfico e cujos moradores vivem em condições sócio-sanitárias deficientes. Metodologia: 100 amostras clínicas positivas para Plasmodium vivax serão genotipadas através da amplificação por PCR (reação polimerásica em cadeia) de marcadores microssatélites que serão utilizados para identificar e monitorar a diversidade genética do P. vivax. Serão genotipados cinco microssatélites (MS1, MS2, MS5, MS6 e MS7) . A diversidade genética será calculada utilizando os haplótipos predominantes em cada locus por isolado com o auxílio do software Arlequin 3.0 que calcula a Heterozigosidade Esperada (HE), e também será avaliada a estrutura da população usando o software STRUCTURE 2.1. Os resultados serão confrontados com as informações clínico-epidemiológicas coletadas no projeto Orpal-BR. O estudo da diversidade do P. vivax, que está amplamente distribuído nesta região, pode ajudar a monitorar e criar novas estratégias de controle e/ou eliminação da malária, o principal problema de saúde da área
IMPACTO DA COVID-19 NA EVOLUÇÃO CLÍNICA E NA MORTALIDADE DA TUBERCULOSE
Bolsista: Maria Clara Cavalcante Gomes
Orientador(a): Michelle Christiane da Silva Rabello
Resumo: A COVID-19, causada pelo vírus da síndrome respiratória aguda grave coronavírus-2 (SARS-CoV-2), é responsável pela morte de milhares de pessoas. A pandemia da COVID-19 causou um significativo impacto na economia e na saúde pública de toda a sociedade. Consequentemente, outras doenças infecciosas, como a tuberculose (TB), estão sendo mais negligenciadas1. Assim como a TB, a COVID-19 é transmitida por via respiratória e afeta os pulmões. Fatores de risco como idade avançada e comorbidades como diabetes, hipertensão, doenças respiratórias crônicas, entre outras, também estão associados a complicações em ambas as infecções2,3,4. A interação entre essas morbidades é pouco citada na literatura. Porém, estudos recentes mostram que a coinfeção TB/COVID-19 apresenta um risco de 2,10 vezes maior do indivíduo evoluir com manifestações clínicas graves5. O paciente acometido com doença respiratória prévia encontra-se com a função pulmonar prejudicada, isso resulta em uma resposta imune deficiente propiciando a síndrome respiratória aguda, ratificando essa relação6. Devido à imunidade deprimida e o dano pulmonar, os pacientes com TB que adoecem com COVID-19 podem ter desfechos desfavoráveis, elevando o risco de morbidade, hospitalização e mortalidade desses pacientes7,8. Existem poucas informações na litreratura a respeito do impacto da COVID na evolução clínica e na mortalidade dos pacientes com tuberculose, especialmente nos pacientes com TB drogaresistente (TBDR) e pacientes de TB coinfectados com o virus da imunodeficeincia humana (HIV)5,6,7,9. Pesquisas científicas nacionais sobre a interação clínica entre essas infecções são necessárias no nosso país para podermos conhecer o padrão clínico, manejo clínico e prognóstico dessas infecções na nossa população. O Brasil continua entre os 30 países com alta carga de TB e de coinfecção com HIV. O Estado de Pernambuco se destaca por apresentar uma das maiores taxas de incidência e de mortalidade por TB no país10. Diante desses indicadores epidemiológicos da TB e da gravidade da pandemia da COVID 19, neste estudo pretendemos conhecer o padrão clinico-epidemiológico dos casos de TB/COVID na população pernambucana e avaliar o impacto da COVID-19 no agravamento clínico e na mortalidade desses pacientes.
Proteínas MSPDBL-1 E MSPDBL-2 de Plasmodium falciparum: estudo do perfil de resposta humoral, identificação de epítopos B imunodominantes e avaliação do papel funcional dos anticorpos em populações naturalmente expostas à malária da Amazônia Brasileira
Bolsista: JULIA GOULART RODRIGUES
Orientador(a): LILIAN ROSE PRATT RICCIO
Resumo: A malária permanece um fardo tremendo para a saúde pública mundial, causando 627.000 mortes e gerando morbidade em mais de 241 milhões de indivíduos. Em humanos, a doença é causada por sete espécies de protozoários do gênero Plasmodium, sendo o P. falciparum a espécie responsável pelos casos graves e mortalidade. A infecção por essa espécie é preocupante no Brasil, principalmente após a descrição de isolados com susceptibilidade reduzida a derivados de artemisinina no Suriname e Guiana Francesa, alertando para o risco de surgimento e introdução de resistência a antimaláricos no Brasil. Nesse contexto, o desenvolvimento de uma vacina tem sido uma das principais estratégias para enfrentar esse problema. As Proteínas de Superfície do Merozoíto de Ligação ao Duffy 1 e 2 (MSPDBL-1 e a MSPDBL-2) são duas proteínas que se ligam diretamente a Proteína da Superfície do Merozoíto 1 (MSP-1) do parasito, formando um complexo na superfície do eritrócito através do seu Domínio de Ligação ao Duffy (DBL) facilitando a invasão do P. falciparum no eritrócito. Estudos mostraram que anticorpos contra MSPDBL-1 e MSPDBL-2 são capazes de inibir o crescimento do P. falciparum in vitro e estão associados com proteção contra a malária clínica, sugerindo um importante papel na imunidade antimalárica. No presente trabalho, nos propomos a avaliar o perfil da resposta imune humoral contra as proteínas MSPDBL-1 e MSPDBL-2 de P. falciparum e identificar e validar os epítopos imunodominantes dessas proteínas em indivíduos naturalmente expostos a malária, residentes em áreas endêmicas do Acre e Amazonas. Nosso trabalho será realizado em Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima, no Estado do Acre, Guajará, no Estado do Amazonas, Amazônia Brasileira. A pesquisa de anticorpos específicos para as proteínas será realizada pela técnica de ELISA utilizando proteínas recombinantes correspondentes a região DBL de MSPDBL-1 e MSPDBL-2. Os epítopos lineares de células B foram identificados utilizando o software BcPreds e serão validados por ELISA, utilizando peptídeos sintéticos correspondentes aos epítopos identificados. A análise de predição identificou 3 epítopos de células B na região DBL da MSPDBL-1 (P1, P2 e P3) e 6 epítopos na região DBL da MSPDBL-2 (P4, P5, P6, P7, P8 e P9) que serão validados por ELISA. Nosso trabalho poderá identificar o potencial dessas proteínas como candidatas a entrarem na composição de uma vacina antimalárica.
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