Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 1

Revista: Edição 1 | Ano: 2023 | Corpo Editorial: Editorial
Desenvolvimento e Validação de Metodologia para Determinação de Cannabinóides em Produtos à Base de Cannabis para Fins Medicinais
Bolsista: Daniele Rachidi Araujo da Rocha
Orientador(a): Mychelle Alves Monteiro
Resumo: Há milhares de anos a cannabis tem sido utilizada com fins medicinais para tratar diversas doenças. A planta da cannabis contém diversas substâncias, denominadas de cannabinóides, estudadas quanto aos seus efeitos terapêuticos, sendo os principais o ??-tetraidrocanabinol (THC) e o Canabidiol (CBD). No Brasil, nos últimos anos houve um aumento no uso de extratos à base de Cannabis para fins medicinais, no tratamento de doenças como, epilepsia, ansiedade, depressão, câncer, esclerose múltipla, autismo, dores crônicas, Alzheimer, Parkinson, entre outras. Em dezembro de 2019, com a publicação da RDC Nº 327, foi autorizada pela Anvisa o uso de produtos de Cannabis para fins medicinais. A Seção V desta RDC trata “Do Monitoramento Analítico dos Produtos de Cannabis” e a Gerência de Laboratórios de Saúde Pública da Anvisa – GELAS, deve estabelecer e coordenar um programa especial de monitoramento dos produtos de Cannabis. Os ensaios analíticos em programas de monitoramento devem ser realizados nas modalidades de análises de orientação ou fiscais por laboratórios oficiais ou credenciados. Cabe ressaltar que até o momento não há monografias para CBD e THC na Farmacopeia Brasileira. Em relação as Farmacopeias que podem ser utilizadas de acordo com a legislação vigente, há conhecimento que a Farmacopeia Alemã está elaborando monografias para o doseamento de CBD e THC em extratos de plantas. A Farmacopeia Americana também está desenvolvendo uma monografia para o doseamento de CBD em produtos medicinais. Outras Farmacopeias que não são autorizadas de acordo com a legislação vigente, como Farmacopeias Chinesa e Indiana e Farmacopeia Americana de Fitoterápicos possuem monografias de CBD e THC em plantas e sementes. Na literatura há muitos artigos publicados para o doseamento de canabinóides, sendo a maioria para plantas e extratos e não produtos para fins medicinal. A matéria-prima empregada na produção dos produtos de Cannabis para fins medicinais são ricas em THCA e/ou CBDA que são submetidas ao aquecimento para descarboxilação dos canabinóides às suas formas neutras obtendo-se assim os princípios ativos THC e CBD. Dependendo das condições de armazenamento, da temperatura e tempo de descarboxilação, a matéria-prima pode conter o produto de degradação do THC, o canabinol (CBN). O Objetivo do projeto é desenvolver e validar metodologia para determinação de cannabinóides em produtos à base de Cannabis para fins medicinais. O desenvolvimento da metodologia será utilizando os produtos de Cannabis que serão disponibilizados pela Anvisa. O estudo será feito utilizando as técnicas analíticas de cromatografia líquida de alta eficiência acoplada ao detector de arranjo diodos e por ultra cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de massas sequencial. Após o desenvolvimento da metodologia, a mesma será validada de acordo com o preconizado na RDC Nº 166/2017 da Anvisa, com a avaliação dos seguintes parâmetros de seletividade, linearidade, precisão, limite de detecção, limite de quantificação, exatidão e robustez.
Avaliação de morte celular induzida in vitro por diferentes cepas da vacina BCG em células mononucleares humanas
Bolsista: MARCELLY NONATO MACENA PESTANA
Orientador(a): Paulo Renato Zuquim Antas
Resumo: A tuberculose é uma doença infectocontagiosa milenar, que embora tenha um arsenal de medicamentos e imunobiológicos já conhecidos, continua sendo um problema de saúde pública mundial. A única medida profilática das formas mais graves da doença é a vacinação com o Bacilo de Calmette-Guérrin (BCG), ainda que não impeça o desenvolvimento da forma clínica pulmonar em adulto. No Brasil, a vacina BCG utilizada até 2018 foi da cepa Moreau (BCG-M), porém, desde então, a cepa Russa (BCG-R) vem sendo empregada. Uma das possíveis ações protetivas e benéficas causadas pela vacina BCG são os elevados níveis de apoptose induzidos por este imunógeno. Sabendo que macrófagos infectados com Mycobacterium tuberculosis virulento apresentam um nível maior de necrose comparados com os infectados com cepas atenuadas, assim como a vacina BCG, aliado a premissa de que os níveis de apoptose são inversamente proporcionais aos mecanismos patológicos, propomos neste projeto de pesquisa comparar a indução de morte por apoptose em células primárias (PBMC) e de linhagem humanas (THP-1) pela BCG-M vs. BCG-R. A BCG-R vem sendo cultivada no laboratório, a BCG-M obtida a partir de doação externa Fundação Ataulpho de Paiva (FAP). Essas análises serão observadas tanto em células em suspensão, quanto nas aderidas, através de kits de detecção de apoptose, seja in vitro ou in situ.
Proteínas MSPDBL-1 E MSPDBL-2 de Plasmodium falciparum: estudo do perfil de resposta humoral, identificação de epítopos B imunodominantes e avaliação do papel funcional dos anticorpos em populações naturalmente expostas à malária da Amazônia Brasileira
Bolsista: JULIA GOULART RODRIGUES
Orientador(a): LILIAN ROSE PRATT RICCIO
Resumo: A malária permanece um fardo tremendo para a saúde pública mundial, causando 627.000 mortes e gerando morbidade em mais de 241 milhões de indivíduos. Em humanos, a doença é causada por sete espécies de protozoários do gênero Plasmodium, sendo o P. falciparum a espécie responsável pelos casos graves e mortalidade. A infecção por essa espécie é preocupante no Brasil, principalmente após a descrição de isolados com susceptibilidade reduzida a derivados de artemisinina no Suriname e Guiana Francesa, alertando para o risco de surgimento e introdução de resistência a antimaláricos no Brasil. Nesse contexto, o desenvolvimento de uma vacina tem sido uma das principais estratégias para enfrentar esse problema. As Proteínas de Superfície do Merozoíto de Ligação ao Duffy 1 e 2 (MSPDBL-1 e a MSPDBL-2) são duas proteínas que se ligam diretamente a Proteína da Superfície do Merozoíto 1 (MSP-1) do parasito, formando um complexo na superfície do eritrócito através do seu Domínio de Ligação ao Duffy (DBL) facilitando a invasão do P. falciparum no eritrócito. Estudos mostraram que anticorpos contra MSPDBL-1 e MSPDBL-2 são capazes de inibir o crescimento do P. falciparum in vitro e estão associados com proteção contra a malária clínica, sugerindo um importante papel na imunidade antimalárica. No presente trabalho, nos propomos a avaliar o perfil da resposta imune humoral contra as proteínas MSPDBL-1 e MSPDBL-2 de P. falciparum e identificar e validar os epítopos imunodominantes dessas proteínas em indivíduos naturalmente expostos a malária, residentes em áreas endêmicas do Acre e Amazonas. Nosso trabalho será realizado em Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima, no Estado do Acre, Guajará, no Estado do Amazonas, Amazônia Brasileira. A pesquisa de anticorpos específicos para as proteínas será realizada pela técnica de ELISA utilizando proteínas recombinantes correspondentes a região DBL de MSPDBL-1 e MSPDBL-2. Os epítopos lineares de células B foram identificados utilizando o software BcPreds e serão validados por ELISA, utilizando peptídeos sintéticos correspondentes aos epítopos identificados. A análise de predição identificou 3 epítopos de células B na região DBL da MSPDBL-1 (P1, P2 e P3) e 6 epítopos na região DBL da MSPDBL-2 (P4, P5, P6, P7, P8 e P9) que serão validados por ELISA. Nosso trabalho poderá identificar o potencial dessas proteínas como candidatas a entrarem na composição de uma vacina antimalárica.
Modificação por desenho racional da região variável do anticorpo monoclonal Rituximabe para obtenção de um anti-CD20 com maior afinidade pelo alvo
Bolsista: Julia Nogueira da Costa
Orientador(a): Gilvan Pessoa Furtado
Resumo: De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o câncer é uma condição patológica caracterizada pela proliferação descontrolada de células de diversos tecidos. Quando essas células tumorais se espalham e invadem outros tecidos, diz-se que ocorreu metástase. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os diversos tipos de câncer podem surgir em diferentes tecidos sendo os linfomas aqueles tem origem nas células do sistema linfático. Há mais de 20 tipos diferentes de linfoma não-Hodgkin e o número de casos duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos. Vê-se, então, a importância do desenvolvimento de drogas capazes de remediar, reduzir seus sintomas ou evitar metástases. Um medicamento comumente utilizado contra linfomas não-Hodgkin é o biofármaco Rituximabe, um anticorpo monoclonal do tipo IgG1, quimérico e com ação anti-CD20. Este anticorpo monoclonal tem ação anti-proliferante, indutor de apoptose e de quimiosensibilização. O CD20 é uma fosfoproteína transmembranar expressa principalmente nos linfócitos B e superexpressa nos casos de linfoma, sendo essencial para a diferenciação e proliferação dessas células. Em agosto de 2020, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) passou a fornecer uma versão biossimilar do medicamento Rituximabe para o Ministério da Saúde, através de uma parceria com a farmacêutica Sandoz, utilizando o modelo de Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), proporcionando preços mais competitivos e maior capacidade de distribuição à população através do Sistema Único de Saúde. Técnicas de engenharia de proteínas podem sem usadas para o desenvolvimento de anticorpos com características farmacocinéticas e farmacodinâmicas melhoradas, os chamados Biobetters. Já foi demostrado que alterações de alguns aminoácidos na porção Fab deste anticorpo, levaram a um aumento da afinidade do Rituximabe pelo receptor CD20, e consequentemente a um aumento da atividade de indução de apoptose do biofármaco. Desta forma, em parceria com o grupo de bioinformática da Fiocruz Ceará, estamos propondo a realização de novas mutações na região variável do Rituximabe para criação de um anticorpo anti-CD20 com maior atividade terapêutica. O desenvolvimento nacional de novos anticorpos monoclonais, tanto biossimilares, quanto biobetters poderá trazer uma grande contribuição para saúde pública do país.
Avaliação de Chalconas-Tiosemicarbazonas no controle de micobactérias atípicas
Bolsista: GUSTAVO SANTANA DE ARAUJO OVIDIO
Orientador(a): ROBERTA OLMO PINHEIRO
Resumo: As micobactérias não tuberculosas (MNT) ou micobactérias atípicas são conhecidas por serem patógenos oportunistas em humanos. Os óbitos estão associados principalmente à doenças pulmonares crônicas previas, tais como: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), bronquiectasias e fibrose cística (CF). M. abscessuss, é encontrado no meio ambiente e na água, é uma das principais NTM a causar uma infecção pulmonar. Além disso, é classificado como uma das subespécies mais difíceis de serem tratadas, devido sua resistência a maioria das classes de antibióticos, onde também se mostra resistente a drogas comumente utilizadas no tratamento de tuberculose, como Rifampicina e Etambutol, resultando em um tratamento limitado e com altas taxas de falha de tratamento. Estudos recentes mostram que o M. abscessus possui a habilidade de evadir dos mecanismos microbicidas de células imunes ao inibir o fluxo autofágico. O M. fortuitum é frequentemente associado a infecções de pele, tecidos moles e ossos.Contém um gene erm de eritromicina metilase induzível que confere resistência a macrolídeos. Contudo, ainda pouco se sabe sobre a infecção por estas micobactérias. O tratamento farmacológico da infecção é longo, caro e frequentemente associado a toxicidade relacionado com as drogas. Curiosamente, Renna e colaboradores em 2011, observaram que além do regime dificultoso, algumas interações medicamentosas podem atrapalhar o tratamento para as MNTs. Observaram que a utilização de Azitromicina, bloqueava o fluxo autofágico e aumentava a colônia de M. abscessus multirresistente no paciente com fibrose cística. Taxas de cura da doença pulmonar por MNT diferem por espécie, variando de 25.0 % na doença de M. abscessus, 57.8% no complexo M. avium, 71.4 % doença de M. kansasii e 45.4% no M. fortuitum, ou seja, cerca de 75.0% dos pacientes infectados com M. abscessus não obtém a cura da doença. Muitas micobactérias clinicamente significativas são suscetíveis a macrolídeos, como a claritromicina. Contudo, várias micobactérias são intrinsecamente resistentes ou adquirem resistência aos macrolídeos, Assim como aos macrolídeos, outras drogas de uso clinico já foram descritas com resistências no decorrer do tratamento para MNTs como ?- lactamicos, Etambutol, Isoniazida, Rifampicina entre outras, mostrando a urgência no desenvolvimento e descoberta de novas drogas com potêncial de controle microbicida para estas bacterias. Os Híbridos de Chalconas-Tiosemicarbazonas são junções de duas moléculas já utilizadas, as chalconas e as Tiosemicarbazonas. As Chalconas são uma importante classe de produtos naturais com funções antiparasitárias, antioxidantes e antitumorais. Desta mesma forma, as Tiosemicarbazonas possuem propriedades estruturais e efeitos farmacológicos ligados a atividades antiparasitárias, antitumorais e antimicrobianas. A composição molecular da hibridização das Chalconas e Tiosemicarbazonas geraria uma nova molécula, com princípios biológicos únicos. Desta forma, utilizaremos os Híbridos de Chalconas-Tiosemicarbazonas (CT) para verificar seu potencial microbicida em detrimento à infecção pelas micobactérias não tuberculosas avaliando sua toxicidade e capacidade de indução ao fluxo autofágico. A identificação da autofagia como fator importante para o controle da infecção abre portas para o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas de controle de diversas doenças, contudo o único método farmacológico conhecido para indução crônica de autofagia era através do uso de Rapamicina, no entanto, os efeitos adversos da Rapamicina (que não são associados com a autofagia) podem torna-la pouco atrativa para uso clínico. Assim, no presente projeto nos propomos a investigar o papel dos os Híbridos de CT na indução de autofagia e na redução da carga bacilar em macrófagos-“like” derivados de THP-1. Estimularemos as células THP-1 com as CT em deferentes concentrações para avaliar por anexina V e PI no potencial toxico para em seguida observar o potencial microbicida das CT por CFU após 24 e 72 h. Após uma avaliação inicial, selecionaremos as CTs com melhores resultados e utilizarems com Cepas clinicas de MNTs que avaliaremos por CFU. Observaremos também o a ativação do fluxo autofagico por imunofluorescência dos marcadores LC3, p62 e LAMP-1. Em suma, este projeto possui alta relevância clínica para auxilio e o manejo de pacientes cujo o tratamento seja falho ou resistente.
Avaliação da produção de citocinas induzida pelo efeito imunomodulatório da Lactoferrina bovina em células do sistema imunológico estimuladas com SARS-CoV-2.
Bolsista: Miguel Pires Medeiros Diniz Rodrigues
Orientador(a): ANDREA MARQUES VIEIRA DA SILVA
Resumo: Com o advento da pandemia de COVID-19 no final de 2019 na China, há no mundo uma busca incessante por tratamentos capazes de auxiliar na recuperação dos pacientes atingidos pela forma grave da doença. Uma vez que, na maioria dos casos graves a infecção pelo SARS-CoV-2 provoca uma resposta inflamatória exacerbada com alta produção de citocinas (cytokine storm), fármacos com ação imunomodulatória tem sido usado no tratamento do quadro clinico da doença COVID-19. A lactoferrina (Lf) é uma das proteínas encontrada no leite, é uma proteína multifuncional. Já foi descrita como tratamento preventivo e terapêutico, por apresentar atividade antimicrobiana, antifúngica, imunomoduladora, antitumoral e antiviral demonstrado em ensaios in vitro e in vivo. O principal objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito na resposta imunológica ao SARS-CoV-2 in vitro. Células mononucleares do sangue periférico (PBMC) de participantes com COVID-19 em fase convalescente foram incubadas com a lactoferrina bovina (bLF) a 1 mg/mL, dexametasona (1?M), anti-IL-6 (250 e 500 pg/mL) e interferon alfa (10ng/mL) e estimuladas com proteína S recombinante do SARS-CoV-2. Foi utilizado as técnicas de ELISpot e microarranjo liquido multiplex, para quantificação de citocinas. Avaliando os níveis de citocinas secretadas pelas PBMCs estimuladas e não estimuladas e submetidas a terapia com os fármacos mencionados acima. Foi observado que bLF foi capaz de reduzir a liberação de IFN-?, similar ao perfil da redução no tratamento com dexametasona e anti-IL-6. Em contraste, IFN-? induziu um aumento nos níveis de IFN-?. A IL-6 apresentou menor nível no tratamento com bLF em relação aos outros fármacos, demonstrando ser um bom marcador de avaliação da terapia. Em contraste, os níveis de IL-1b aumentaram nas células estimuladas. Foi observado que em algumas das citocinas avaliadas, a bLF não apresentou o efeito modulador na produção do IL-2, CCL3/MIP1a, GM-CSF e CCL5/rantes. Sendo assim, é necessário complementar estas avaliações, a fim de identificar que células infectadas com SARS-CoV-2, expostas a bLf sejam capazes de controlar a tradução e liberação de citocinas pró-inflamatórias e regulatórias. Reduzindo assim, o quadro de inflamação exacerbada observado em pacientes que desenvolvem a forma grave da COVID-19 e possibilitando que a bLf possa ser utilizada como um complemento terapêutico.
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