Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 1

Revista: Edição 1 | Ano: 2023 | Corpo Editorial: Editorial
Elaboração de Material Didático para a Educação Interativa no Desenvolvimento de Medicamentos no Curso de Especialização em Tecnologias Industriais Farmacêuticas de Farmanguinhos/Fiocruz
Bolsista: Maria Luiza Lemos Rodrigues Bove
Orientador(a): LIVIA DERIS PRADO
Resumo: O Sistema Único de Saúde, o SUS, foi criado em 1988. Além da assistência e atenção básica, também compõe o SUS, o Complexo Econômico Industrial da Saúde (CEIS) que corresponde ao sistema produtivo em saúde como é o exemplo dos Laboratórios Públicos Oficiais. Farmanguinhos é um dos principais Laboratórios Oficiais de notória importância para abastecimento de medicamentos para o SUS. Além da produção de medicamentos, Farmanguinhos tem o compromisso de atuar na educação para o SUS, fortalecendo e ampliando a ação da Fiocruz enquanto Escola de Governo. Nesse contexto, Farmanguinhos oferece o curso de pós-graduação Lato sensu em Tecnologias Industriais Farmacêuticas (TIF) com o objetivo de formar profissionais, que possam identificar soluções, estratégias e melhores práticas para aumentar a eficiência e o sucesso dos programas de desenvolvimento, apoiando o SUS, para garantir a qualidade de medicamentos disponibilizados para a população. O curso TIF vem passando por um processo de transformação, estimulado também pelas adaptações necessárias ao ensino remoto devido à pandemia da covid-19. Observou-se a necessidade de alterar a estrutura curricular, para ampliar a percepção do universo que envolve a inovação e o desenvolvimento tecnológico de medicamentos, e a proposta pedagógica como um todo. Assim, as ações do curso foram planejadas e implementadas, como o uso de portfólio digital como instrumento reflexivo. Com isso, a Unidade de Projetos Integradores foi pensada para que fosse criado um ambiente de interação com os alunos e para que fosse superado o caráter fragmentado do ensino nessa área. Assim, este projeto tem como objetivo elaborar e organizar materiais didáticos, considerando a heterogeneidade dos assuntos abordados ao longo do curso, para oportunizar aos alunos maior acessibilidade, aprofundamento, interatividade e reflexões sobre situações-problema no desenvolvimento de medicamentos, a partir da construção do portfólio digital.
ESTUDO DA ATIVIDADE CITOTÓXICA DE UM INIBIDOR DE GLI-1 EM MODELO 3D DE CARCINOMA ORAL DE CÉLULAS ESCAMOSAS
Bolsista: Iasmin Nogueira Bastos
Orientador(a): CLARISSA ARAUJO GURGEL ROCHA
Resumo: Apesar dos avanços nos estudos sobre o Carcinoma oral de Células Escamosas (COCE), as opções de tratamento limitadas resultam em altas taxas de morbidade e piora na qualidade de vida dos pacientes. Considerando-se os desafios relacionados ao desfecho clínico e sobrevida para os pacientes com COCE e, alinhado ao conhecimento de que a reativação de vias de sinalização embrionárias é importante para a iniciação tumoral e para a manutenção da população de células tronco, com reflexos na resistência a fármacos, a nossa equipe dedica-se ao estudo da via Hedgehog (HH) em carcinoma oral de células escamosas, desde 2010. O GANT 61 é um inibidor promissor que atua de forma downstream na via HH, inibindo a transcrição mediada por GLI-1 e GLI-2. Desta forma, o objetivo do projeto é avaliar os efeitos do GANT61 na viabilidade, proliferação e morte celular em modelo 3D de carcinoma oral de células escamosas. A linhagem tumoral metastática de carcinoma escamocelular oral de língua HSC3 (JCRB Cell Bank, JCRB0623) está sendo utilizada neste estudo. Os nossos resultados preliminares validaram os esferóides como um bom modelo de estudo e os valores da EC50 (concentração efetiva do fármaco) do GANT61 são promissores. Desta forma, nas próximas etapas avaliaremos o efeito deste composto na morte celular por apoptose e invasão. Os esferóides serão plaqueados em placas de 96 poços, opacas e repelentes e tratados com o GANT61, o controle positivo (cisplatina) e negativo (DMSO), por 24 e 48h. Em seguida, serão incubados com o kit Caspase-Glo 3/7 3D (Promega). Serão realizados três experimentos independentes em triplicata e o teste ANOVA seguido pelo teste de Student Newman-Keuls serão aplicados para avaliação dos grupos do ensaio. Os efeitos deste composto na morfologia dos esferóides também serão avaliados através de análises das imagens obtidas a partir de microscopia de campo claro (EVOS XL). O diâmetro será medido através do programa Image J, durante os intervalos de 3h, 6h, 12h, 24h, 48h e 72h. A avaliação será realizada em triplicata, juntamente com os grupos de controle negativo (DMSO) e positivo (cisplatina), em três ensaios independentes. Ainda, o efeito do GANT61 na invasão celular será avaliado em câmaras Transwell de 24 poços, após 24h de tratamento. Para ensaios de invasão, 3 esferóides serão incubados por poço na membrana basal reconstituída com, ou sem tratamento, por 24h. O número de células será quantificado em um Coulter Counter ZII. Todas as quantificações serão realizadas em triplicata. A análise estatística será feita pelo teste t de Student, e o nível de significância será estabelecido em P <0,05.
Desenvolvimento de vacina bloqueadora de transmissão como método alternativo para o controle da leishmaniose visceral
Bolsista: MAGGIE MARIA ROCHA DEUS
Orientador(a): YARA MARIA TRAUB CSEKO
Resumo: As leishmanioses acometm mais de 1,5 milhão de pessoas anualmente. A Leishmaniose Visceral (LV) é a forma mais agressiva, e, se não tratada, pode levar a óbito em mais de 95% dos casos. No combate às doenças veiculadas por insetos, uma das principais abordagens é o controle dos vetores, realizado principalmente com o uso de inseticidas, método este dispendioso e ineficaz. As vacinas bloqueadoras de Transmissão (VBTs) são uma abordagem alternativa visando o controle de patógenos transmitido por Artrópodes. VBTs visam interferir no desenvolvimento de patógenos dentro do vetor, interrompendo sua transmissão para hospedeiros vertebrados. VBTs tem obtido sucesso no combate à malária e tem sido proposta em estudos contra leishmanioses. A identificação de alvos para o desenvolvimento de VBTs é o primeiro passo do processo, e depende de um bom conhecimento das interações moleculares entre parasita e vetor. O processo de interação entre Leishmania e seu vetor vem sendo estudado pelo Laboratório de Biologia Molecular de Parasitas e Vetores. Nosso grupo identificou genes de Leishmania com expressão modulada dentro do inseto que podem estar envolvidos no sucesso da infecção do parasito no vetor. Dentro deste repertório, há genes relacionados à diferenciação e proliferação do parasita. Além disso, recebemos de colaboradores, cepas de Leishmania mutantes para outros genes de interesse, principalmente relacionados à aquisição e metabolismo do ferro, como o transportador de ferro LIT1, e já temos resultados animadores usando esse alvo. Objetivos gerais e específicos O objetivo deste projeto é utilizar moléculas presentes em L. i chagasi como alvo para o desenvolvimento de VBTs contra LV. Dentre estas, foram incluídas proteínas relacionadas à aquisição e metabolismo do ferro, como o transportador de ferro LIT1 e uma ferro redutase (LFR1) de Leishmania (Flannery et al., 2011), bem como proteínas que atuam no metabolismo de grupamento heme (LHR1) e íons ferro (LIR1). Objetivos: 1. Imunizantes (peptídeos sintéticos) serão inoculados em animais (camundongos e hamsters) para a produção de anticorpos e posteriormente será coletado sangue para teste de imunogenicidade. 2. Anticorpos serão purificados a partir do soro coletado e utilizados em infecções artificias de L. longipalpis por L. i chagasi e será avaliada a carga parasitária no inseto. Soro pré-imune será utilizado como controle. Metodologia Síntese de peptídeos sintéticos Peptídeos sintéticos estão sendo adquiridos. Já possuímos peptídeos sintéticos para quatro alvos. Estamos também trabalhando na identificação e validação de outros alvos. Inoculação dos imunizantes em animais para a produção do antissoro Anticorpos policlonais serão obtidos a partir da inoculação dos peptídeos sintéticos em camundongos e hamsters em 3 doses, emulsionados em adjuvante recomendado. Sangue dos animais será coletado e a presença dos anticorpos será investigada no soro, por ELISA. Esta metodologia será executada em colaboração com o pesquisador Eduardo Fonseca Pinto (Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas Médicas, Instituto Oswaldo Cruz), com grande experiência em vacinação contra leishmaniose em modelo murino e hamster. Infecções artificias de L. longipalpis por L. i. chagasi e avaliação da infecção Serão utilizados insetos provenientes de nossa colônia de L. longipalpis, originalmente coletadas em Jacobina (Bahia, Brasil), mantidos a 26°C. L. i. chagasi são mantidas rotineiramente em nosso laboratório em meio 199 (pH7.0) suplementado com soro fetal bovino, a 26°C. Anticorpos de interesse purificados e hemácias serão reincorporadas ao soro previamente inativado por calor para inativação do sistema complemento. A este sangue reconstituído serão acrescidos 107 parasitos/ml, para a alimentação artificial de fêmeas de L. longipalpis. O controle experimental será realizado com soro pré-imune. Nos horários pós-infecção de 1h, 24h, 48h, 72h, 96h, 144h e/ou 168h, um pool de 10 insetos será coletado e armazenado em Trizol (Invitrogen) para posterior extração de RNA e síntese de cDNA, a partir do Kit SuperScript III First-Strand Synthesis Kit (Invitrogen). A carga parasitária será investigada pela quantificação do gene actina de Leishmania, normalizado pelo gene constitutivo GAPDH de L. longipalpis. A análise dos dados será pelo método comparativo ??Ct. Os experimentos serão feitos em triplicatas biológicas.
Detecção e genotipagem molecular do Trypanosoma cruzi (Chagas, 1909) em hospedeiros vertebrados e invertebrados do município de Irecê, Bahia.
Bolsista: Cecília Santana Rodrigues
Orientador(a): Gilmar José da Silva Ribeiro Junior
Resumo: A doença de Chagas é uma doença infecto-parasitária cujo agente etiológico é o Trypanosoma cruzi, que parasita insetos hematófagos conhecidos popularmente como barbeiros. A transmissão da doença ocorre, principalmente, através da via vetorial e a progressão clínica da doença pode promover distúrbios cardíacos e gastrointestinais com mortalidade e morbidade substanciais em 30-40% dos indivíduos cronicamente infectados. Dessa forma, a doença de Chagas se constitui como um grave problema de saúde pública, haja visto o número elevado de indivíduos encontrados na forma crônica da doença e os casos recentes de transmissão congênita e oral. Não obstante, a transmissão vetorial extradomiciliar ou por visitação de vetores silvestres aos domicílios tem sido o mecanismo principal de transmissão de T. cruzi às populações humanas, o que impacta no desenvolvimento de estratégias para controle de vetores. Além disso, a existência de cepas resistentes aos fármacos atualmente utilizados e o pouco conhecimento acerca dos mecanismos de escape do parasito dificultam a ação do sistema imunológico e dos fármacos. Segundo um estudo realizado entre 1980 e 2012, a estimativa da prevalência da doença de Chagas no Brasil representa atualmente a estimativa de 1,0 a 2,4 % da população. A Bahia apresenta a quarta maior taxa de mortalidade por doença de Chagas e o Território de Identidade de Irecê (BA) é classificado como área de alto risco para a doença. Contudo, o inquérito sorológico no Território de Identidade de Irecê não foi realizado, o que dificultou as ações de controle da doença. Assim, este subprojeto propõe a genotipagem molecular do T. cruzi em hospedeiros vertebrados e invertebrados do município de Irecê (BA), a fim de determinar a prevalência de infecção por T. cruzi em amostras de triatomíneos registrados no munícipio baiano nos últimos anos, no intuito de fornecer informações úteis para o tratamento e prevenção da doença.
Validação de um método para determinação do anti-corpo anti-HEV IgG de porcos
Bolsista: GABRIELA DE SOUZA BENICIO DOS SANTOS
Orientador(a): Luciano Kalabric Silva
Resumo: Nos últimos 20 anos, a hepatite E têm sido considerada uma doença importante nos países sub-desenvolvidos, porém ainda é negligenciada no Brasil. A transmissão do vírus da hepatite E (HEV) pode ocorrer esporadicamente ou sob a forma de surtos entre pessoas e pelo consumo de água e alimentos contaminados, notadamente pelo consumo de carne suína e de caça. O objetivo desse estudo é validar de um método para determinação do anti-corpo anti-HEV IgG de porcos. O estudo será realizado em porcos de rebanhos de criadores de subsistência familiar residentes na região metropolitana de Salvador e cadastrados na Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB). Amostras de sangue dos animais serão coletadas e analisadas por método sorológico (ELISA) e por biologia molecular para detecção do HEV-RNA. Um ELISA comercial (Wantai) será modificado para permitir a detecção do anti-corpo anti-HEV IgG de porcos utilizando anticorpos anti-Porcine IgG Antibody HRP conjugated (CUSABIO). Na perspectiva de uma Saúde Única, este estudo pode contribuir sobre o conhecimento da saúde animal, no caso, o suíno, que é reservatório do HEV. Os resultados da vigilância agropecuária dos suínos serão relatados à ADAB que se encarregará de comunicar aos proprietários e propor medidas sanitárias paliativas.
O Exílio dos Cientistas: a conversa epistolar entre Haity Moussatché, Herman Lent e José Leite Lopes (1969-1979).
Bolsista: GUILHERME DA SILVA DE OLIVEIRA
Orientador(a): Gilberto Hochman
Resumo: Os temas da imigração, do desterro, dos refugiados e do exílio são atuais e fundamentais em um mundo marcado por desigualdade, conflitos armados, perseguições políticas, guerras civis e emergência climática que produzem um trágico deslocamento massivo de seres humanos, inclusive de intelectuais e cientistas. A pesquisa nessa fase da iniciação científica mantém o objetivo de analisar a experiência de exílio de cientistas brasileiros durante o regime militar (1964-1985). A questão central é analisar, por meio de documentação e arquivos pessoais, os impactos do autoritarismo sobre cientistas brasileiros que foram aposentados compulsoriamente, cassados e perseguidos e tiveram que se exilar depois do golpe de 1964 e sobre a sua própria prática científica. Nesse subprojeto serão analisadas as experiências de cientistas do Instituto Oswaldo Cruz que, depois da cassação e perda de direitos políticos em abril de 1970, foram para o exílio e trabalharam em universidades e centros de pesquisa no exterior. Para esse empreendimento, os principais arquivos pessoais pesquisados serão os de Haity Moussatché que contém volume considerável de cartas e estão depositados no Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz e do físico José Leite Lopes, principal correspondente de Haity Moussatché, que estão no Centro de Pesquisa em História do Brasil Republicano (CPDOC/FGV) e foi recentemente organizado. As cartas trocadas entre cientistas e intelectuais tem o potencial de compreensão da especificidade do exílio do cientista na América Latina da Guerra Fria e revelar as redes de sociabilidade que os envolviam nessa experiência de desterro. O foco do trabalho do bolsista será na correspondência dos cientistas do IOC vítimas do Massacre de Manguinhos.
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