Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 1

Revista: Edição 1 | Ano: 2023 | Corpo Editorial: Editorial
DISTORÇÃO ENTRE NÍVEL FUNCIONAL E ESCOLARIDADE ASSOCIADA A SINTOMAS DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO NO ELSA-Brasil
Bolsista: RODRIGO PARANHOS SANTOS
Orientador(a): Maria da Conceição Chagas de Almeida
Resumo: Parece um consenso que ao longo dos anos houve o aumento do desejo de ingresso no funcionalismo público (FRANCO, DRUCK e SELIGMANN. 2010)(SILVA, SOUZA e TEIXEIRA. 2017), resultando em uma intensificação de disputa entre trabalhadores estáveis e não estáveis (FRANCO, DRUCK e SELIGMANN. 2010) mesmo com uma fragilização do reconhecimento social e valorização simbólica (FRANCO, DRUCK e SELIGMANN. 2010), provavelmente ocorridas pelas garantias de desprecarização idealizadas sobre o serviço público ou pela estabilidade oferecida (SILVA, SOUZA e TEIXEIRA. 2017). Entretanto, não foi identificada na literatura, até o momento, análises quantitativas sobre distorção entre nível funcional e escolaridade e a associação com sintomas de depressão ou de ansiedade entre os servidores públicos. A psicologia organizacional e do trabalho tenta aprofundar o conhecimento a respeito dos mais diversos âmbitos do binômio trabalhador- empregador, no sentido de perceber divergências e possibilidades de ações efetivas que minimizem possíveis desigualdades e injustiças (ZANELLI, BORGES ANDRADE E BASTOS. 2014). Neste sentido, pretende-se aprofundar a análise dos dados cruzando as distorções existentes com variáveis como sexo, raça/ cor, possuir filhos, números de filhos, situação conjugal e idade quantificando resultados e permitindo, de maneira embasada, garantir reflexões fundamentas para elaboração de políticas públicas levando em consideração a saúde mental dos servidores e suas especificidades. Foi analisado o índice de distorção entre as variáveis nível funcional e escolaridade disponíveis no banco de dados da onda 1 do ELSA-Brasil, e, posteriormente investigando correlação deste percentual com sintomas de ansiedade e depressão. De um total de 15105 participantes voluntários de 6 instituições públicas brasileiras cujos dados foram coletados na onda 1 do ELSA Brasil, foram utilizados para este projeto 7.791 por possuírem critério de inclusão necessário para a análise: situação ativa e em condição passível de distorção entre a função exercida e a escolaridade. Do total resultante, 44,28% não estão em situação de distorção entre seu nível funcional e os cargos ao qual exercem, 26,25% estão em distorção de nível médio para apoio e 29,47% estão em distorção de nível superior para médio ou médio para apoio. Chegou-se a um número de 4341 pessoas em situação de distorção, o equivalente a 55,72% da amostra analisada. Posteriormente, gerou-se os resultados do cruzamento entre as variáveis nível funcional e escolaridade e duas sessões do CIS R (Clinical Interview Schedule Revised) referente a sintomas de ansiedade e sintomas de depressão. (SANTOS ET AL. 2013). As distorção quando cruzados com a variável sexo e sintomas de depressão e sintomas de ansiedade resultaram em P=0.062 e P= 0.356 respectivamente para o sexo masculino e P=0.000 e P=0.008 para o sexo feminino. Tal resultado aponta para uma possível correlação entre o sexo feminino e os desfechos observados. Referências: 1- FRANCO, Tânia; DRUCK, Graça; SELIGMANN-SILVA, Edith. As novas relações de trabalho, o desgaste mental do trabalhador e os transtornos mentais no trabalho precarizado. Rev. bras. saúde ocup., São Paulo, v. 35, n. 122, p. 229-248, Dez. 2010. 2- Santos. M Santos et al. (2013). Adaptação transcultural e confiabilidade de medidas de características autorreferidas de vizinhança no ELSA-Brasil. (Supl 2): 122 a 130. Disponível em: DOI: 10.1590/S0034-8910.2013047003871. Acesso em 01 de novembro de 2021. 3- SILVA, Priscila Matos Crisostomo da; SOUZA, Kátia Reis de; TEIXEIRA, Liliane Reis. POLÍTICA DE DESPRECARIZAÇÃO DO TRABALHO EM SAÚDE EM UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE C&T: A EXPERIÊNCIA DE PROFESSORES E PESQUISADORES. Trab. educ. saúde, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 95-116, Apr. 2017. 4- ZANELLI, José Carlos; BORGES ANDRADE, Jairo Eduardo; BASTOS, Antonio Virgílio Bittencourt. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. 2. ed. Porto Alegre-RS: Artmed, 2014.
Caracterização de isolados clínicos de Acinetobacter baumannii, geneticamente relacionados e exibindo distinto perfil de sensibilidade às polimixinas
Bolsista: KAREN GOMES DA SILVA
Orientador(a): Danilo Elias Xavier
Resumo: Em estudo prévio, foram recuperados dois isolados clínicos de A. baumannii (I056 e C345) do mesmo paciente, provenientes de diferentes sítios de infecção e apresentando estreita relação genética. Os dois isolados foram identificados como sendo pertencentes ao mesmo complexo clonal ST79 (IP) e exibiam o mesmo perfil de sensibilidade às várias classes de antimicrobianos testados, com exceção para colistina (polimixina E), sendo sua concentração inibitória mínima (CIM) igual a 0,5 e 32 ?g/mL, respectivamente para os isolados I056ST79 e C345ST79.. Não foi identificado pela análise genômica o mecanismo de resistência envolvido e várias abordagens estão sendo desenvolvidas para elucidar os mecanismos de diminuição da sensibilidade a polimixina entre as cepas clones. Entretanto, durante o desenvolvimento deste estudo para entender a diferença do perfil de sensibilidade às polimixinas entre as duas cepas e quando o genoma das cepas foram (re)sequenciados, foi identificada uma segunda linhagem coexistente entre estes isolados do complexo clonal ST79 (produtoras de OXA-carbapenemase adquirida), sendo as segundas pertencentes à ST103 (IP) (sensível aos carbapenêmicos), levantando a hipótese de que pudesse ocorrer a cooperação entre estas cepas para o resultado de resistência às polimixinas no teste de sensibilidade in vitro. Assim, as análises foram ampliadas para os isolados I056ST103 e C345ST103, cujos genomas foram recentemente sequenciados. Os objetivos do projeto incluem: caracterizar fenotipicamente e genotipicamente quatro cepas clínicas geneticamente relacionadas de Acinetobacter baumannii exibindo distinto perfil de sensibilidade às polimixinas; concluir a caracterização do genoma in sílico; investigar a origem do complexo clonal ST103 (IP) nas cepas clínicas do estudo; determinar a sensibilidade às polimixinas das cepas da linhagem ST103 e verificar a integridade do LPS bacteriano das cepas clínicas C345ST79 (colR), I056ST79 (colS),C345ST103 e I056ST103. A metodologia propõe a análise genômica das cepas in sílico, o teste de sensibilidade à polimixina B e a análise do lipídio A das cepas.
Planejamento e Síntese de novos derivados triazolopirimidínicos com potencial atividade contra o Plasmodium falciparum
Bolsista: Vitor Manoel Manhães da Silva Vieira
Orientador(a): CRISTIANE FRANCA DA COSTA
Resumo: Pouco investimento é destinado à pesquisa e desenvolvimento (P&D) de medicamentos para o tratamento de doenças que atingem as populações pobres nas regiões mais vulneráveis do planeta. Tratamentos inadequados para diversas doenças infecciosas e parasitárias vêm vitimando um número elevado de pessoas principalmente em países em desenvolvimento. Tratamentos inadequados para diversas doenças infecciosas e parasitárias vêm vitimando um número elevado de pessoas nestes países. A malária é uma doença negligenciada que ainda é potencialmente ameaçadora, pois é a principal causa parasitária de morbidade e mortalidade ao redor do mundo, especialmente em países em desenvolvimento com sérios problemas de custos econômicos e sociais. A malária é causada por parasitos do gênero Plasmodium, transmitida ao homem através da picada da fêmea infectada de mosquito Anopheles. Cinco espécies são responsáveis pela transmissão em seres humanos: P. falciparum, P. vivax. P. ovale, P. malariae e P. knowlesi. O P. falciparum é o mais agressivo, sendo responsável por 90 % das mortes no mundo causando maior morbimortalidade. Na infecção por P. falciparum, o paciente deve ser tratado dentro de 24 horas, pois o diagnóstico tardio pode levar ao agravamento da doença, como a malária cerebral. O P. vivax é a espécie mais disseminada, tornou-se uma preocupação de saúde pública devido à dificuldade de eliminação do parasito, pois este possui uma característica particular: a produção de hipnozoítos. Os hipnozoítos alojam-se no fígado por semanas causando recaídas no paciente, semana a meses após o início da infecção e dificultando o tratamento. O P. falciparum e P. vivax, representam mais de 95% dos casos de malária, constituindo um grave problema de saúde pública. A capacidade do Plasmodium em adquirir resistência aos antimaláricos disponíveis associada à dificuldade de desenvolver novos fármacos menos tóxicos e mais eficazes, tem sido o maior desafio para o tratamento da malária. A seleção de um alvo específico, que pode interagir com as moléculas em estudo, tem sido uma abordagem importante para o desenvolvimento de novos fármacos antimaláricos, entre eles se destaca a enzima Di-idroorotato Desidrogenase de P. falciparum (PfDHODH). A DHODH está presente em humanos (HsDHODH), porém, difere-se estruturalmente da enzima presente no parasito, devido variação na composição de aminoácidos. Acredita-se que essa diferença estrutural, seja responsável pela seletividade da enzima do parasito sobre a enzima humana. A combinação entre dois agentes farmacológicos em uma só molécula é uma estratégia emergente empregada no processo de descoberta de novos fármacos na química medicinal, denominada hibridação molecular. Neste sentido, foram planejados novos derivados com importantes grupos farmacofóricos presentes nos compostos-protótipos com estrutura química definida e atividade biológica conhecida. Tendo em vista a obtenção de candidatos a fármacos antimalariais, este projeto tem como objetivo a síntese e avaliação antiplasmódica e citotoxicidade de novos derivados potenciais contra o P. falciparum. O trabalho visa a obtenção de derivados inéditos com boa atividade antimalarial e baixa toxicidade, que posteriormente possam ser empregados na terapêutica da malária.
Abordagens genéticas e funcionais sobre o papel de VLA-4 em células T
Bolsista: GIOVANNA MOREIRA FERREIRA
Orientador(a): VINICIUS COTTA DE ALMEIDA
Resumo: O êxito da resposta imune depende da ativação específica de células T e sua subsequente capacidade de locomoção aos sítios inflamatórios. O evento de migração transendotelial dessas células tem participação relevante da integrina integrina VLA-4, expressa em altas densidades na superfície de células T ativadas. Essa integrina é central para a regulação da ativação e migração de células T, sendo alvo em terapias que visam intervir nos processos de infiltração tecidual em diversas doenças crônicas de natureza infecciosa, autoimune e neoplásica. Particularmente, há relatos de polimorfismos gênicos em ITGA4 (codifica a subunidade ?4) em doenças, como a esclerose múltipla. Essas variantes têm o potencial de interferir sobre a relação estrutura-função da molécula. Nesse contexto, a avaliação de polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) permite a caracterização da relação entre as variações genéticas observadas no gene ITGA4 e as funções da integrina. Avaliar o impacto de alterações no gene ITGA4 sobre a estrutura e função da integrina VLA-4 no papel migratório e efetor de células T. Nesse projeto, objetivamos analisar a presença de polimorfismos gênicos e perfis de expressão gênica relacionados à integrina VLA-4 em bases de dados públicas e caracterizar, experimentalmente, o impacto funcional da ausência da integrina VLA-4 em células T. As análises da literatura sobre estudos de expressão gênica dos genes codificantes da integrina, ITGA4 e ITGB1 em células T e monócitos mostraram um total de 3.367 estudos, com 34 publicações relativas a células T e 20 sobre monócitos. Observamos também que a maior parte dos estudos focava na expressão diferencial em subgrupos de células T, co-expressão e co-regulação de VLA-4 com outras moléculas envolvidas em adesão e migração leucocitária, e expressão em doenças específicas, como o câncer e a esclerose múltipla. Encontramos também estudos apontando que alguns polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs), considerados deletérios e patogênicos, podem gerar alterações funcionais nos linfócitos T. Essas pesquisas iniciais apontam para a relevância da sistematização atualizada desses estudos, com potencial de contribuir para o melhor entendimento do papel de VLA-4 em células T, reforçando ainda a necessidade de mais estudos experimentais.
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL INIBITÓRIO DE NANOCORPOS E SEUS CONSTRUTOS À VENENOS E TOXINAS OFÍDICAS
Bolsista: THIFANY FOSCHIERA DE MELO
Orientador(a): NIDIANE DANTAS REIS PRADO
Resumo: O tratamento do ofidismo se restringe aos soroterápicos, que são eficazes para os danos sistêmicos, porém com menor eficácia para os danos locais, agravos importantes em envenenamento por serpentes do gênero Bothrops, atribuídos principalmente à ação de fosfolipases A2 (PLA2s) e metaloproteinases (GUTIERREZ, 2003). Diante dos desafios inerentes a soroterapia antiofídica, e dentre as ferramentas biotecnológicas disponíveis pode-se destacar o potencial dos anticorpos tipo VHHs, que apresentam elevado potencial de reconhecimento antigênico e alto índice de penetração tecidual, com atividade de neutralização de toxinas ofídicas em ensaios in vivo (CORTEZ-RETAMOZO et al., 2002; RICHARD et al., 2013). Na vertente de produção de insumos aplicáveis a terapêutica do ofidismo, bibliotecas de anticorpos do tipo VHH foram produzidas. Estudos prévios demonstraram que VHHs anti-PLA2s monovalentes anti-toxinas PLA2 (GenBank: KC329718) foram capaz de reduzir a atividade fosfolipásica das toxinas BthTX-I e II in vitro e a miotoxicidade induzida pelo veneno in vivo (PRADO et al, 2016). Como desdobramento, novas abordagens quanto a avaliação do potencial de VHHs monovalentes, construtos engenheirados constituídos por VHHs e associação de VHHs oligoclonais (contra diferentes alvos) representam estratégias importantes para a proposição dos anticorpos do tipo VHHs para a terapêutica do ofidismo. A proposta está alicerçada na particularidade relacionada a desenvolver insumos capazes de neutralizar diferentes toxinas e venenos de várias espécies de serpentes, uma característica relacionada a neutralização cruzada, altamente desejável quando se trata do desenvolvimento de terapêutica antiofidica (LEDSGAARD et al 2018). Desta forma, nesta proposta busca-se ampliar a proposição dos anticorpos do tipo VHH como insumos.
Avaliação da implementação do tratamento para os diferentes esquemas de tratamento preventivo de ILTB
Bolsista: KASSIA RAQUEL DA SILVA
Orientador(a): SANDRA MARIA DO VALLE LEONE DE OLIVEIRA
Resumo: Segundo a OMS (2020) a tuberculose está entre as 10 doenças infecciosas que mais causam mortes no mundo e, portanto, constitui-se como um dos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS). Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou a Estratégia pelo Fim da Tuberculose (End TB Strategy), que estabelece metas arrojadas para o fim da TB como problema de saúde pública até 2035 (BRASIL, 2018). E, de acordo com a OMS, para o alcance dessas metas, é imprescindível aumentar o rastreio, diagnóstico e tratamento da infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis, reduzindo o risco de adoecimento e, consequentemente, evitando o adoecimento (BRASIL, 2018). A TB pode ser causada por qualquer uma das sete espécies que integram o complexo Mycobacterium tuberculosis: M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. canetti, M. microti, M. pinnipedi e M. caprae. Em saúde pública, a espécie mais importante é a M. tuberculosis, conhecida também como bacilo de Koch (BK). A TB é uma doença que pode ser prevenida e curada, mas ainda prevalece em condições de pobreza e contribui para perpetuação da desigualdade social (BRASIL, 2019). Em alguns casos, o sistema imune é capaz de contê-la, pelo menos temporariamente. Os bacilos podem permanecer como latentes (infecção latente pelo M. tuberculosis – ILTB) por muitos até que ocorra a reativação, produzindo a chamada TB pós-primária (ou secundária). Em 80% dos casos acomete o pulmão, e é frequente a presença de cavidade (BRASIL, 2019). A doença geralmente afeta os pulmões, na denominada tuberculose pulmonar, mas também pode afetar outros locais, no caso da tuberculose extrapulmonar (WHO, 2020). A estimativa mundial de pessoas com infecção latente pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis é de quase um terço da população mundial, um reservatório de aproximadamente 2,3 bilhões de pessoas (HOUBEN; DODD, 2016). Ademais, esses indivíduos não apresentam nenhum sintoma e não transmitem a doença, mas são reconhecidos por testes que detectam a imunidade contra o bacilo (BRASIL, 2019).O rastreamento regular de sintomáticos respiratórios para detecção da tuberculose ativa e daqueles indivíduos com Infecção Latente TB que possam se beneficiar do tratamento preventivo são medidas fundamentais, tratadas como de maior impacto para redução da mortalidade por TB nos indivíduos com HIV. As estratégias elaboradas como prioritárias pela OMS, é a ampliação do acesso ao tratamento da ILTB entre os indivíduos portadores de HIV (BRASIL, 2019).Dentre os principais desafios para o alcance das metas está o aumento do rastreio, diagnóstico e tratamento da ILTB, principalmente entre crianças menores de cinco anos e pessoas vivendo com HIV (PVHIV), segundo a Estratégia pelo Fim da Tuberculose publicada pela OMS em 2015. Conforme Silva, Souza e Sant’anna (2012), as principais barreiras encontradas na continuidade do tratamento de ILTB em crianças foram: não comparecimento a unidade básica, as reações colaterais das medicações ou sintomas apresentados que impediram o uso adequado do medicamento, além disso, o uso irregular da medicação evidenciado por dose extra e esquecimento, a falta de fornecimento das medicações na farmácia da unidade e de disponibilidade e acessibilidade ao transporte, assim como o custo do transporte pelas condições econômicas desfavoráveis. As projeções da OMS mostram que a prevenção da tuberculose ativa com o tratamento da ILTB é uma das principais estratégias para a redução da taxa de incidência da doença, para o alcance das metas da Estratégia pelo Fim da Tuberculose (BRASIL, 2019). Com base nisso, a vigilância da ILTB se estrutura em cinco pilares principais: (1) identificação das pessoas com maior probabilidade de ter ILTB ou com maior risco de adoecimento; (2) identificação de pessoas com a ILTB; (3) indicação correta do tratamento e acompanhamento adequado; (4) notificação das pessoas que irão realizar o tratamento da ILTB; e (5) monitoramento e avaliação da realização do tratamento da ILTB (BRASIL, 2018). Antes de se afirmar que um indivíduo tem ILTB, é fundamental excluir a TB ativa, por meio da anamnese, exame clínico e radiografia de tórax (BRASIL, 2019). Para o diagnóstico há a prova tuberculínica, que consiste na inoculação intradérmica de um derivado proteico purificado do M. tuberculosis para medir a resposta imune celular a esses antígenos (BRASIL, 2019). Também há os ensaios de liberação do interferon-gama (Interferon-Gamma Release Assays – IGRA), os quais foram desenvolvidos como alternativa diagnóstica para detecção de ILTB. Tais ensaios baseiam-se na premissa de que as células anteriormente sensibilizadas com os antígenos da tuberculose produzem altos níveis de interferon-gama (BRASIL, 2019). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Center for Disease Control and Prevention (CDC) ambos os testes IGRA e PPD podem ser utilizados para o diagnóstico da ILTB (BRASIL, 2020). No Brasil, são recomendados dois esquemas terapêuticos para o tratamento da ILTB: um com isoniazida e outro com rifampicina. Considerada a ampla experiência de utilização no país, a isoniazida é o esquema preferencial para tratamento da ILTB pelo SUS (BRASIL, 2020). No ano de 2018, a OMS recomendou que, em países com alta incidência de tuberculose, a associação de rifapentina e isoniazida poderia ser oferecida como alternativa ao tratamento com isoniazida em monoterapia no tratamento de adultos e crianças (BRASIL, 2020). A associação de rifapentina com isoniazida por três meses administrada semanalmente por terapia diretamente observada (TDO), conhecida como esquema 3HP, tem sido colocada como alternativa terapêutica aos tratamentos de longa duração com isoniazida por oferecer vantagens posológicas, principalmente mantendo a adesão do paciente até a conclusão do tratamento. Segundo a OMS, a disponibilidade de tratamentos mais curtos para pessoas com ILTB oferecem uma oportunidade para a ampliação do tratamento preventivo da TB, aumentando as taxas de conclusão do tratamento e, em consequência, reduzindo casos de TB ativa e transmissão (BRASIL, 2020). Logo, o risco de abandono para pacientes em tratamento preventivo de ILTB depende de superar os principais desafios para o alcance das metas e da introdução de um esquema terapêutico que contemple redução de casos de TB ativa. OBJETIVO: Avaliar a indicação, conclusão do tratamento medicamentoso e monitoramento de eventos adversos para ILTB.METODOLOGIA: Estudo observacional e exploratório de caráter descritivo.Local, período: Este estudo é realizado no ambulatório de um serviço de referência de HIV/Aids, utilizando dados secundários no período de 2011 a dezembro de 2022.São utilizadas as etapas adaptadas conforme Fox et al. (2021) e a Organização Mundial da Saúde (2018b). Definição de caso: Foi considerado como de caso de ILTB ter teste tuberculínico positivo (? 5mm) ou IGRA positivo e LT-CD4+ ? a 350 células/mm³, e/ ou contagem de LT-CD4+ ? a 350 células/mm³ independente do TT ou IGRA (de cordo com a nova recomendação brasileira para tratar ILTB em PVHIV, em 2018; associados a avaliação de exclusão da TB ativa por exames de imagem e/ ou exames laboratoriais. Para os pacientes com TT negativo, foi considerado ILTB quando o IGRA foi positivo, e/ou o paciente era contato de ativa e tinha radiografia de tórax normal, e/ou com radiografia de tórax normal com cicatriz radiológica de TB, sem tratamento anterior para TB, com exclusão da TB ativa. Serão avaliados os pacientes que podem ter o diagnóstico para ILTB somente pela contagem de LTCD4, independente do TT ou IGRA. Coleta de dados :As variáveis coletadas serão provenientes de dados do livro de registro da Unidade de Doenças Infecciosas (UNIDIP) que contém dados relativos aos resultados de teste tuberculínico, livros de registros e sistemas utilizados para controle de tratamento do serviço e da Farmácia. Serão utilizados também, fontes de dados secundários de acesso aos exames individuais do Hospital Dia e que estão disponíveis no prontuário do paciente. O serviço de referência utiliza como fontes de dados: SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação); SISCEL (Sistema de Informação de Controle de Exames Laboratoriais), utilizado para controle de CD4/CD8 e carga viral; SICLOM (Sistema de Controle Logístico de Medicamentos), para o gerenciamento do uso de antirretrovirais (TARV); SIM (Sistema de Informação sobre mortalidade) utilizado para pesquisar PVHIV cujo desfecho do tratamento de ILTB foi o óbito e o IL-TB. Análise de dados: O programa Microsoft Excel será utilizado para organização de planilhas e tabulação de frequência de registros. A comparação entre pacientes com diferentes desfechos do tratamento (completude, abandono e interrupção por eventos adversos), em relação às variáveis quantitativas avaliadas (idade, consultas realizadas, faltas às consultas e percentual de faltas), será realizada pelo teste t-student. A avaliação da associação entre o desfecho do tratamento e as variáveis categóricas avaliadas, foi realizada pelo teste do qui-quadrado. A análise estatística é realizada por meio do programa estatístico SPSS, versão 24.0 (software Statistical Package for Social Science), considerando um nível de significância de 5%.
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