Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 1

Revista: Edição 1 | Ano: 2023 | Corpo Editorial: Editorial
Avaliação da resposta imune em indivíduos vacinados contra COVID-19
Bolsista: AMANDA VITORIA PINHEIRO NASCIMENTO
Orientador(a): ADA MARIA DE BARCELOS ALVES
Resumo: A pandemia da COVID-19 (doença por Coronavírus de 2019) levou a óbito quase 7 milhões de indivíduos no mundo todo. No Brasil foram confirmados mais de 37 milhões de casos, com cerca de 700 mil mortes. A infecção com o Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2), agente etiológico da COVID-19, não só pode ser fatal, mas também deixar várias sequelas. Além disso, com o espalhamento do SARS-CoV-2 ao longo de mais de 3 anos, desde o início da pandemia, surgiram diversas variantes virais com mutações relevantes que impactam na transmissão viral e podem afetar a eficácia protetora das vacinas. Tais variantes foram responsáveis por sucessivas ondas epidêmicas, incluindo as variantes Alfa, Beta, Gama, Delta e Ômicron. Até o momento, as vacinas disponíveis contra a COVID-19 se baseiam principalmente na proteína spike (S), que está presente no envelope viral e interage com o receptor celular, a proteína ECA-2, permitindo a internalização do SARS-CoV-2. O foco principal destas vacinas é a indução de anticorpos neutralizantes (AcN) contra a proteína S, apesar dos estudos também apontarem um papel importante da resposta imune celular na proteção. No Brasil, inicialmente foram administradas pelo Programa Nacional de Imunização quatro vacinas: a CoronaVac, constituída do SARS-CoV-2 inativado; a ChAdOx1 da Oxford/AstraZeneca, baseada em adenovírus recombinante de chimpanzé contendo o gene da proteína S de SARS-CoV-2; a ComiRNAty da Pfizer/BioNTech, composta do mRNA que codifica a proteína S do SARS-CoV-2; e a Ad26.COV2.S desenvolvida pela Janssen Pharmaceutical/Johnson & Johnson, baseada no adenovírus humano Ad26 e contendo o gene que codifica a proteína S de SARS-CoV-2. Por serem baseadas em plataformas tecnológicas distintas, estas vacinas podem estimular de forma diferente as respostas imunes, humoral e celular. Ademais, diferentes esquemas de dose/reforço homólogos ou heterólogos vêm sendo administrados em nossa população. Somado a isto, recentemente foi introduzida no Brasil a vacina bivalente produzida pela Pfizer-BioNTech contra a cepa original do vírus isolado em Wuhan e a variante Ômicron. Iniciamos em nosso laboratório, um estudo para avaliar as respostas induzidas em indivíduos imunizados com as quatro vacinas de primeira geração em uso no país, CoronaVac, AstraZeneca, Janssen e Pfizer. Pretendemos avaliar o impacto da administração de diferentes abordagens vacinais em sistemas de doses e reforço heterólogos na população. Sendo assim, o presente projeto tem como objetivo continuar as avaliações do perfil e magnitude da resposta imune humoral e, futuramente, celular, em indivíduos vacinados na nossa população com os diferentes esquemas de dose e reforço com as vacinas de primeira geração, direcionadas contra o vírus original (Wuhan). Também iniciaremos as investigações quanto às respostas imunes induzidas com a vacina bivalente recentemente introduzida no Brasil, contra o vírus ancestral e a variante Ômicron. Pretendemos quantificar os AcN contra a variante de SARS-CoV-2 original (Wuhan) e também contra variantes que já circularam com algum impacto no país (Delta e Ômicron). Também iremos comparar as respostas induzidas nos voluntários que tiveram COVID-19 ou infecções assintomáticas. Para isto, iremos utilizar os dados fornecidos pelos voluntários no momento da coleta de sangue e a determinação da presença ou não de anticorpos contra a nucleoproteína (N) de SARS-CoV-2, como indicativo de infecção prévia com o vírus, uma vez que este antígeno não está presente na maioria das vacinas contra COVID-19.
Avaliação do perfil de citocinas e quimiocinas de uma coorte de pacientes com tuberculose em tratamento e prospecção de potenciais biomarcadores imunológicos associados à resposta terapêutica
Bolsista: RENATA ALEXANDRIA MONTEIRO
Orientador(a): Virginia Maria Barros de Lorena
Resumo: Estudos que visam à prospecção de biomarcadores associados à eficácia terapêutica da tuberculose são relevantes para o avanço no desenvolvimento de testes de diagnósticos mais eficazes do que os atuais e que permitam monitorar precocemente o tratamento dos pacientes. Vários estudos têm avaliado a correlação dos níveis de INF- ? produzidos por células T efetoras previamente condicionadas a estímulos com antígenos específicos do M. tuberculosis com a resposta ao tratamento. Alguns estudos mostraram que os níveis de IFN-? diminuíram após o tratamento, enquanto outros mostraram um aumento ou nenhuma mudança dependendo da resposta ao tratamento. Devido a esses resultados inconsistentes na literatura, neste estudo pretendemos avaliar os níveis citocinas/quimiocinas de uma coorte de pacientes com TB pulmonar em tratamento (antes e após 2 e 6 meses de tratamento) de Recife, Pernambuco, visando prospectar novos biomarcadores imunológicos que sejam úteis para monitorar a eficácia da resposta terapêutica anti-TB e mais eficazes do que as atuais ferramentas de diagnóstico laboratorial. Além dos níveis de qumiocina/citocinas será avaliado o quadro clínico, carga bacilar e dano pulmonar.
Enriquecimento ambiental para camundongos associado a garantia do bem-estar e qualidade da pesquisa no Centro de Experimentação Animal do Instituto Oswaldo Cruz
Bolsista: bárbara alves de brito soledade
Orientador(a): Isabele Barbieri dos Santos
Resumo: O enriquecimento ambiental (EA), definido como "qualquer medida que promove a expressão de tipos de comportamento naturais específicos da espécie”, apresenta-se como alternativa para a manutenção das condições de bem-estar animal (BEA), mitigando o efeito do confinamento dos animais em experimentação, ajudando a prevenir a ansiedade, frustração e estresse crônico. A legislação brasileira recomenda que o EA deve ser fornecido como parte dos cuidados de rotina dos animais utilizados para pesquisa e ensino. Uma das principais consequências da ausência/redução do BEA para a pesquisa é o comprometimento da fidedignidade dos dados. Há diversos relatos associando a redução da agressividade dos animais em experimentação (redução de estresse, lesões e óbitos) com o uso adequado de itens de EA. O objetivo deste estudo é avaliar se a implantação de itens de enriquecimento ambiental de fácil manejo e baixo custo selecionados, no alojamento de camundongos das linhagens Swiss Webster, C57BL6 e BALBc, albergados no Centro de Experimentação Animal, implica na diminuição do estresse, aumento do BEA e consequentemente na melhoria dos resultados das pesquisas desenvolvidas pelo IOC/FIOCRUZ. Como objetivos específicos temos: Elaborar um etograma para camundongos; Avaliar a efetividade dos itens de enriquecimento ambiental para camundongos. Os itens de EA selecionados foram feno, túnel de PVC, rede (máscaras cirúrgicas sem o arame), papel pardo (originado de sacos que acondicionam material utilizado para forração das gaiolas dos animais), divisórias de papelão e sementes de girassol. Todos estes itens foram selecionados porque apresentam baixo custo, fácil manuseio e higienização, permitindo esterilização, o que facilita sua implantação e permanência na rotina de manutenção dos animais do CEA/IOC. Para cada linhagem de camundongo (Swiss Webster, C57BL6 e BALBc), foram selecionados 16 animais, divididos em dois grupos (ambos compostos por 4 machos e 4 fêmeas): grupo 1 experimental, para o qual foi fornecido o feno e grupo 2 controle onde não foi oferecido o feno. Os animais foram separados ao acaso, faixa etária adulta e com média de peso de 20g. O ambiente de alojamento manteve a temperatura média de 22C e fotoperíodo controlado por dispositivo eletrônico (12 horas de luz e 12 horas sem luz). O feno foi oferecido previamente autoclavado e divididos em porções de aproximadamente 12g, para cada gaiola, permanecendo pelo período de 7 dias, sendo substituído por nova porção por mais 7 dias. Os procedimentos adotados no estudo seguiram as normas internacionais de bem-estar, sendo executados conforme a legislação brasileira licenciado com número de L-043/2016 pelo Comitê de ética em uso de Animais do Instituto Oswaldo Cruz (CEUA/IOC) da Fiocruz. Todos os animais acompanhados tanto do grupo 1 que receberam feno como enriquecimento, como do grupo controle, apresentaram temperatura corporal normal e não apresentaram perda de peso. Foi elaborado um etograma onde oram listados possíveis comportamentos normais e estereotipias dos camundongos como: ALIMENTAÇÃO = ingestão de ração e água; FISIOLÓGICO = defecar/urinar; AUTO CUIDADO = Lamber-se, coçar-se, alisar-se (passar pata na cabeça); AGONÍSTICO = brigar; EXPLORATÓRIO = lambendo a grade da tampa, lambendo o bico do bebedouro, cheirando as grades, mordendo a grade, cheirando o ar, mordendo o comedouro; ATIVO = acordado; INATIVO = dormindo (sleep); PLAY = correndo, saltando e rolando c/ outro indivíduo. ANORMAL = lamber-se excessivamente; INTERAÇÃO SOCIAL - cheirar ou lamber outro indivíduo, vocalização; INTERAGIR C/ ENRIQ.AMBIENTAL= EA). Espera-se que a implantação e manutenção destes itens de EA diminua o estresse, aumente o BEA dos animais em experimentação do CEA, melhorando consequentemente a qualidade dos dados das pesquisas realizadas no IOC, principalmente aquelas relacionadas com a resposta imune e comportamento do animal. Entretanto, ainda temos poucos resultados para chegarmos a uma conclusão.
Desenvolvimento e padronização de um ensaio in vitro para avaliação de compostos com atividade inibitória da fosfatase TcALPH1 de Trypanosoma cruzi.
Bolsista: Sofia Padilha Batistella
Orientador(a): FABIOLA BARBIERI HOLETZ
Resumo: A doença de Chagas (DC) é endêmica em 21 países da América Latina e do Caribe, sendo que cerca de 7 milhões de pessoas estão infectadas e mais de 10 mil morrem todos os anos. Em sua maioria, são pessoas pobres, constituindo assim um mercado pouco atrativo para a indústria farmacêutica privada. Sem diagnóstico e tratamento adequados, um em cada três pacientes irá desenvolver a forma fatal da DC, com o acometimento do coração. Segundo a OMS, o número de casos diagnosticados vem crescendo nos últimos anos devido à migração populacional e à inclusão de novas áreas de transmissão até então não endêmicas. Para o tratamento dos pacientes com DC existem duas drogas preconizados, o benznidazol e o nifurtimox mas com eficiência muito limitada à fase aguda da doença. Cerca de menos de 1 % dos pacientes têm acesso aos medicamentos, que são distribuídos pelas entidades sanitárias nacionais, sob coordenação da OPAS. Somado à baixa disponibilidade, há a ocorrência de efeitos adversos graves, como dores musculares, intolerância gástrica, anorexia, erupções cutâneas entre outros. Esses efeitos colaterais fazem com que 2 em cada 10 pacientes não terminem o tratamento, que tem duração de 60 dias. Cepas resistentes a esses dois medicamentos têm sido descritas desde a década de 80; além do fato de não serem eficazes na fase crônica tardia da DC, momento em que a maioria dos casos é diagnosticado. Frente a todas essas limitações relacionadas ao tratamento, se faz necessário com urgência o desenvolvimento de novas alternativas que sejam mais eficientes para o combate à DC. Deve-se buscar tratamentos que não só eliminem o patógeno na fase crônica da doença, mas que sejam menos tóxicos, contribuindo para melhorar a qualidade de vida do paciente. Neste sentido esta proposta tem como foco desenvolver e padronizar um teste enzimático in vitro para avaliar a atividade inibitória de compostos contra a proteína ALHP1 de T. cruzi. Dado que ALPH1 é uma fosfatase envolvida diretamente no controle da estabilidade dos mRNAs em tripanosomatídeos, que este controle é imprescindível para a regulação da expressão gênica nestes organismos, que a deleção da proteína é letal para o parasita e, ainda, que tal proteína não apresenta homologia com proteínas de mamíferos, ALPH1 representa um alvo (espécie-específico) potencial para novos tratamentos, mais eficazes e menos agressivos contra a DC. É válido ressaltar que dispomos em nosso laboratório de cerca de 6 mil compostos distribuídos em 3 coleções para pronto uso. Assim, após a padronização do teste in vitro, estes compostos serão triados quanto sua capacidade inibitória da fosfatase. A busca em coleções de compostos já regulamentados e aplicados na medicina humana adentra no campo do reposicionamento de fármacos, uma importante área da pesquisa que é responsável por expressivo avanço no tratamento de diversas doenças e condições. Com o estabelecimento de um ensaio efetivo e sensível para a avaliação da atividade de fosfatase da ALPH1 teremos a validação de uma importante ferramenta para uma varredura preliminar e rápida de compostos com potencial efeito anti-tripanocida, com um direcionamento do provável mecanismo de ação da droga em questão. Para alcançar tal objetivo, o domínio funcional da ALPH1 será expresso, purificado e utilizado na padronização do teste colorimétrico. Para este propósito serão realizados testes e padronizações baseadas nos ensaios enzimáticos já descritos na literatura ou por meio da aplicação de ensaios disponíveis em testes comerciais.de atividade de fosfatase in vitro. Por fim, através da aplicação do ensaio de atividade de fosfatase será realizada a avaliação dos diferentes compostos, previamente selecionados presentes nas três coleções disponíveis no laboratório. Esperamos, com este projeto, poder contribuir para a identificação de novas drogas, potencialmente mais eficientes e menos tóxicas para o tratamento da DC.
Estudo da eficácia pré-clínica da combinação binária envolvendo miltefosina, anfotericina B lipossomal e infiltração intralesional de antimoniato de meglumina no tratamento de leishmaniose cutânea causada por Leishmania (Viannia) braziliensis.
Bolsista: AUGUSTO BERSAN LAGE ARAUJO
Orientador(a): Eliane de Morais Teixeira
Resumo: Leishmanioses integram o grupo de doenças infecciosas negligenciadas, sendo o tratamento uma das principais estratégias para o seu controle. O arsenal terapêutico disponível é limitado e marcado por reconhecida toxicidade, aliado a uma insuficiência persistente no desenvolvimento de novos fármacos. Neste contexto, o reposicionamento de drogas e avaliação de novos esquemas posológicos de medicamentos existentes, incluindo as combinações, despontam como estratégias potencialmente úteis para ampliar as opções terapêuticas. Objetivo: avaliar a eficácia e a toxicidade de esquemas terapêuticos constituídos por combinações binárias dos medicamentos: miltefosina, anfotericina B lipossomal e antimoniato de meglumina para o tratamento de leishmaniose cutânea causada por Leishmania (Viannia) braziliensis, em modelo animal. Metodologia: modelo experimental animal de leishmaniose cutânea utilizando hamsters (Mesocricetus auratus) machos infectados por cepa de referência L. (V.) braziliensis (MHOM/BR/75/M2903). As combinações binárias serão comparadas com os medicamentos em monoterapia, nomeadamente miltefosina na dose de 25mg/kg, via oral, por 20 dias consecutivos, anfotericina B lipossomal 10mg/kg, dose única, via intraperitoneal e antimoniado de meglumina por via intralesional em infiltração única. Para controle do experimento, serão constituídos grupos de animais tratados com a dose plena de antimoniato de meglumina via intramuscular (200mg/Kg/dia, durante 20 dias consecutivos) e animais mantidos sem tratamento. A eficácia clínica será avaliada comparando-se o maior diâmetro da úlcera entre os grupos de animais no 23º dia após início do tratamento e, a eficácia parasitológica, pela comparação da carga parasitária na lesão e no baço através da técnica de PCR em tempo real. A toxicidade será avaliada por meio da inspeção do comportamento dos animais e pela mensuração da massa corpórea. Este estudo pretende apontar possíveis esquemas terapêuticos de combinações, que possam ser elegíveis para futuros ensaios clínicos do tratamento da leishmaniose cutânea.
Caracterização dos fragmentos de sinalização nuclear das GP63 em promastigotas e amastigotas de Leishmania (Viannia) braziliensis
Bolsista: FRANSUELLEM BATISTA DE MOURA BRITO
Orientador(a): FRANKLIN SOUZA DA SILVA
Resumo: As leishmanioses são doenças causadas por um protozoário intracelular pertencente à família Trypanosomatidae do gênero Leishmania. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a leishmaniose é uma das sete doenças tropicais mais importantes da atualidade, sendo, no entanto, considerada negligenciada. Devido a isto, essa doença que possui um amplo espectro de manifestações clínicas com uma resolução potencialmente fatal, representa um sério problema para o sistema de saúde no mundo. As leishmanioses são doenças com distribuição mundial encontradas em cerca de 89 países, sendo endêmicas na Ásia, África, Américas e região do Mediterrâneo. De acordo com o informe epidemiológico da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS) publicado em dezembro de 2019, foram registrados um total de 989.096 casos de LC e LMC no período de 2001-2018, com uma média anual de 54.950 casos reportados. Do total de casos de 2018, 84% foram reportados pelo Brasil. Esse quadro de infecção no país assume um cenário particular, onde as principais espécies relacionadas são: Leishmania (Viannia) braziliensis, Leishmania (Viannia) guyanensis e Leishmania (Leishmania) amazonensis. Dentre estas espécies, a Leishmania (Viannia) braziliensis é a espécie mais prevalente no Brasil e pode causar lesões cutâneas e mucosas, sendo assim o principal agente etiológico da Leishmaniose Tegumentar nas Américas. É encontrada desde o Norte até o Sul do Brasil, tanto em áreas de colonizações antigas ou recentes. Neste contexto, Leishmania spp apresenta grande plasticidade na relação parasito hospedeiro e as proteases são fatores de virulência que exercem papéis fundamentais no ciclo de vida do parasito. Estão presentes aproximadamente 2% no genoma do parasita. Este quantitativo engloba as principais classes de proteases: cisteína-proteases, serina-proteases, aspartil-proteases e metalo-proteases. Em Leishmania (Viannia) braziliensis, 52% dos alelos de proteases são representados por metaloproteases. Esse quantitativo de genes abrange as glicoproteínas 63 (GP63), enzimas que pertencem à classe de leishmanolisina, um importante fator de virulência. A GP63 de Leishmania spp. é internalizada pelos macrófagos do hospedeiro mamífero independente da fagocitose. O processo de internalização pode ocorrer pela interação entre a âncora GPI da GP63 secretada e as balsas lipídicas da membrana celular dos macrófagos. Já na região intracelular, a GP63 pode ser transportada ao núcleo pelo reconhecimento do motivo de direcionamento nuclear presente na sequência da GP63. Esta sequência geralmente consiste em cadeias de aminoácidos básicos com motivo de assinatura K-K/R-X-K/R. No núcleo celular a GP63 pode atuar nas subunidades da proteína-1 ativada alterando sua capacidade de ligação ao DNA. Devido a função crítica deste fator de transcrição sob vários genes envolvidos na resposta imune inata há uma regulação negativa das funções imunes inatas. Portanto, a GP63 demonstra um importante mecanismo de evasão ao sistema imune do hospedeiro mamífero, permitindo a adaptação do parasito ao ambiente intracelular e contribuindo, desta forma, a sua sobrevivência e propagação. Objetivo: Identificar e caracterizar as GP63 da Leishmania (Viannia) braziliensis que atuam diretamente no núcleo celular dos macrófagos. Metodologia: Inicialmente realizamos análises in sílico para mapear motivos NLS em GP63 e desenho dos iniciadores. As sequencias de GP63 foram obtidas pelo servidor TriTrypDB (https://tritrypdb.org/tritrypdb/app/) e alinhadas pelos servidores MAFFT (https://mafft.cbrc.jp/alignment/server/) e BLAST (https://blast.ncbi.nlm.nih.gov/). Após a caracterização foi possível desenhar os iniciadores utilizando o NCBI (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/) e confirmados pelo IDT (https://www.idtdna.com/pages) Resultados: A partir das análises realizadas, identificamos doze sequencias de GP63 com o motivo NLS e cinco sequencias foram confirmadas no transcriptoma de Leishmania (V.) braziliensis. Além disso, determinamos iniciadores individuais para cada gene de GP63. Conclusão: De maneira geral, as GP63 de L. (V.) braziliensis apresentam motivos NLS com alto grau de identidade estrutural entre si. No entanto, apenas cinco sequencias foram identificadas no transcriptoma de Leishmania (V.) braziliensis. Contudo, foi possível propor pares de iniciadores específicos para cada sequência de GP63 como motivo NLS.
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