Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 1

Revista: Edição 1 | Ano: 2023 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
PATERNIDADE E AUTISMOS: A PARTICIPAÇÃO DOS HOMENS NO CUIDADO DOS SEUS FILHOS SOB AS PERSPECTIVAS DE GÊNERO E DAS MASCULINIDADES
Bolsista: LAURA DE ARAUJO PARREIRAS
Orientador(a): Celina Maria Modena
Resumo: Atualmente, há um enorme interesse no desenvolvimento de pesquisas que investigam o Transtorno do Espectro Autista (TEA). No Brasil, há dados controversos sobre a sua prevalência; no entanto, nos Estados Unidos, dados recentes estimam que 1 em cada 36 crianças têm o transtorno em algum nível (que são heterogêneos, dado ser um reconhecido como um espectro). O TEA está relacionado aos distúrbios do neurodesenvolvimento, manifestados na primeira infância, geralmente entre o primeiro e o segundo anos de vida e apresenta uma ampla variação de sintomatologia e gravidade, e é caracterizado por desordens nas áreas de comunicação e interação social e pela presença de comportamentos e interesses restritos, estereotipados e repetitivos. Em relação aos cuidados do filho com TEA, a mãe é geralmente a parcela mais sobrecarregada do casal, seja pelo papel social pré-determinado de cuidadora, ou por outras questões tais como sentimento de culpa, pressão pessoal e social para assumir a responsabilidade. A experiência do homem, quando se depara com a condição diferenciada do filho e as suas repercussões na dinâmica da família, parece ter maiores dificuldades para lidar com a realidade e para criar estratégias de enfrentamento do problema. O projeto no qual se insere a atividade do bolsista de iniciação científica tem como principal objetivo compreender a construção da identidade paterna e a participação nos cuidados de seus filhos pelos homens que são pais de crianças com TEA. Neste subprojeto, o objetivo será investigar a conscientização dos homens sobre o diagnóstico do filho autista e suas vivências durante o processo de aceitação da condição, na perspectiva da mudança de uma paternidade idealizada para a real. Serão utilizados os dados coletados nas entrevistas presenciais realizadas durante a execução do projeto original.
Radar de Territórios Saudáveis e Sustentáveis: RIDE-DF SUBPROJETO DE PESQUISA-AÇÃO
Bolsista: REGIANE ROCHA GOMES
Orientador(a): Denise Oliveira e Silva
Resumo: Trata-se do desenvolvimento do Projeto RADAR de Territórios da RIDE-DF, financiado por meio da Chamada CNPq/Gerência Regional de Brasilia-FIOCRUZ 41/2018, que tem como foco central o desenvolvimento da metodologia de governança territorial. O desenvolvimento deste projeto assume a relevante tarefa de criar conjuntamente com redes socio-técnicas estratégias que auxiliem a implementação da Agenda 2030, atendendo prioritariamente às necessidades indicadas pela própria população, na área da saúde e do Bem Viver Tendo como marcos referenciais a orientações do Programa Territórios Saúde e Sustentáveis(TSS) da Fundação Oswaldo Cruz(PTSS-Fiocruz) em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). A área de abrangência é a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE/DF), que engloba os Estados de Goiás, Minas Gerais e o Distrito Federal, criada pela Lei Complementar n.º 94, de 19 de fevereiro de 1998, e regulamentada pelo Decreto n. 7.469, de 04 de maio de 2011. A base metodológica estruturante de atuação do projeto é a pesquisa-ação que assume em seu arcabouço a formação-ação entre interlocutores da comunidade, de representações sociais e institucionais e o desenvolvimento tecnologias sociais de base territorial sobre os componentes determinantes do processo saúde-doença, a partir da definição de metodologias que organizem a observação e a gestão dos problemas sociais e suas repercussões na saúde. O processo metodológico será realizado em articulação com projetos e desenvolvimento sobre TSS pela Gerência Regional da Fiocruz em Brasília com seu coletivo de pesquisadores dos distintos programas. Os sujeitos serão atores governamentais e não governamentais, identificados como informantes chaves que atuam em ações da Agenda 2030 por vários tipos de relações institucionais, técnicas, de gestão e comunitárias, como também a população residente no territorio da RIDE-DF. Serão utilizados diversos instrumentos de abordagem de pesquisa para a coleta de dados, como questionários semiestruturados, entrevistas em profundidade e grupos focais. Os resultados e os benefícios coletivos e individuais esperados, visam apoiar o processo de governança territorial integrada e participativa, para constituir um RADAR DE TSS para a RIDE DF para fortalecer a gestão e o processo de governança territorial como facilitador para a gestão integrada das políticas públicas locais, focadas na vida humana, em suas dimensões sociais, econômicas e ambientais.
Utilização de screening virtual para a identificação de novos imunossupressores aplicáveis ao transplante de fígado
Bolsista: GIOVANNA VERRA SOUSA
Orientador(a): NATIELE CARLA DA SILVA FERREIRA
Resumo: O fígado é um órgão responsável pela realização de diversos processos fisiológicos tais como o metabolismo de macronutrientes e a degradação de xenobióticos, dentre outros. Todavia, a disfunção hepática é considerada um problema de saúde pública global, uma vez que aproximadamente 1 a 2 milhões de pessoas morrem todos os anos em virtude de doenças hepáticas. A evolução das doenças hepáticas para a condição conhecida como cirrose geralmente é associada a um mau prognóstico, especialmente se essa for caracterizada como descompensada. Nesses casos, o transplante ortotópico de fígado (TOF) é a única intervenção capaz de restabelecer a função hepática para pacientes que não apresentam melhora com as medidas gerais de suporte. O desenvolvimento de fármacos imunossupressores é um fator importante para o aumento das taxas de sucesso dos transplantes hepáticos, visto que auxilia na diminuição dos episódios de rejeição ao enxerto e aumento da sobrevida dos pacientes. Atualmente, existem diversos fármacos que são utilizados na indução e/ou manutenção da imunossupressão em pacientes transplantados, como a classe dos inibidores de calcineurina. Esses se destacam pelos seus potentes efeitos sobre a prevenção da rejeição ao enxerto devido ao bloqueio da ativação de células T. Apesar de sua utilização ser bem sucedida na prevenção à rejeição ao enxerto, os inibidores de calcineurina apresentam uma diversidade de efeitos adversos. A insuficiência renal crônica, por exemplo, é observada em até 20% dos pacientes transplantados em um período de até 5 anos pós-transplante, o que torna necessária a diminuição das doses do fármaco ou até mesmo a sua suspensão. Assim, um dos maiores desafios da imunossupressão no transplante hepático é o desenvolvimento de novos fármacos com maior eficácia e uma quantidade reduzida ou branda de efeitos adversos. Portanto, o objetivo desse projeto é identificar potenciais inibidores da calcineurina através da metodologia de screening virtual (SV). Para a condução do SV será utilizado o programa de docking molecular DockThor, o qual permitem uma análise detalhada quanto à interação entre as moléculas testadas, as quais serão adquiridas através do banco de dados ZINC15, e o alvo-farmacológico, no caso, a proteína calcineurina. Entre as vantagens quanto à implementação desta técnica estão a economia de tempo, uma vez que é possível realizar o teste de um grande número de amostras em um curto espaço de tempo e a redução de gastos com o uso de reagentes e materiais consumíveis de laboratório. Após a realização do SV será feita uma pré-seleção de moléculas candidatas de acordo com o valor de score obtido no docking molecular e com as suas propriedades físico-químicas. Essas moléculas candidatas seguirão para posteriores etapas de predição in silico visando à obtenção das suas propriedades farmacocinéticas e espectros de atividades biológicas, além de testes de inibição da proliferação de linfócitos in vitro. Com isso, acreditamos que novas moléculas com potencial atividade imunossupressora sejam descobertas, as quais futuramente poderão contribuir para uma melhoria da qualidade de vida dos pacientes transplantados, bem como para a sua adesão ao tratamento.
Avaliação do miRNA-146b-5p como biomarcador de resposta terapêutica em pacientes com a doença de Chagas crônica tratados com benznidazol
Bolsista: MARIA MIKAELY RIBEIRO BRITO
Orientador(a): OTACILIO DA CRUZ MOREIRA
Resumo: Até o presente momento, não se tem vacina profilática ou terapêutica aprovada para a doença de Chagas. O atual tratamento etiológico, empregando o fármaco Benznidazol, tem se mostrado eficiente na fase aguda da infecção (60 - 85% da taxa de cura), embora seu uso na fase crônica ainda seja debatido. O padrão ouro para avaliação da eficácia terapêutica é a soroconversão de testes sorológicos convencionais, que podem levar anos ou décadas para serem alcançados. Assim, o desenvolvimento de marcadores para medir respostas terapêuticas em pacientes infectados com Trypanosoma cruzi é atualmente objeto de intensa pesquisa. Os microRNAs (miRNAs) são uma classe de RNAs pequenos, de fita única, não-codificantes, que agem na regulação da expressão de RNA mensageiro alvo. Muitos patógenos, incluindo vírus, bactérias e protozoários, são capazes de manipular as redes de miRNA de células hospedeiras infectadas. Estudo prévio do nosso grupo, com microRNAoma no tecido cardíaco de camundongos infectados cronicamente com T. cruzi, analisou 641 alvos para miRNA de camundongos tratados ou não com benznidazol na fase crônica da doença experimental. Dentre estes alvos, destacou-se o miRNA-146b-5p. Em experimento confirmatório, este miRNA apresentou um nível de expressão de 1,48±0,69 no grupo não infectado, 3,92±0,97 no grupo infectado e 0,56±0,19 no grupo tratado, em animais que foram eutanasiados 30 dias após tratamento. Diante disso, formulamos a hipótese de que este miRNA poderia ser um biomarcador de resposta terapêutica ao tratamento com benznidazol. Para testá-la, pretendemos avaliar os níveis de miRNA-146b-5p no sangue de 99 pacientes crônicos oriundos do Brasil antes e em até um ano após o tratamento com benznidazol. A confirmação deste miRNA como biomarcador de resposta terapêutica abriria possibilidades para o teste de novas drogas ou esquemas terapêuticos, podendo vir a ser grande avanço para o tratamento da doença de Chagas.
Avaliação do comprometimento da funcionalidade dos linfócitos T frente aos antígenos parasitários em pacientes coinfectados com leishmaniose visceral e HIV-1 com diferentes desfechos clínicos
Bolsista: JOANA RIBEIRO CARRILHO ROCADO
Orientador(a): JOANNA REIS SANTOS DE OLIVEIRA
Resumo: A maioria dos casos de coinfecção Leishmania/HIV nas Américas ocorre no Brasil, onde a leishmaniose visceral (LV) aparece como a forma prevalente no que se refere à coinfecção. A infecção pelo HIV-1 e pela Leishmania infantum são caracterizadas por uma imunossupressão e uma intensa ativação celular crônica. Estudos anteriores de nosso grupo já demonstraram que a leishmaniose é um cofator para o aumento do grau de ativação em pacientes coinfectados com HIV. Essa intensa ativação imune pode afetar a função efetora dos linfócitos T quantitativamente e funcionalmente, o que pode contribuir para as frequentes recidivas da LV em pacientes HIV+. Em consequência do status imune ativado na infecção pelo HIV verifica-se uma aceleração da imunosenescência, caracterizado por uma exaustão dos recursos imunes primários. Neste cenário, a imunosenescência pode ser agravada na coinfecção com a LV, já que esta também cursa com um comprometimento sistêmico e ativação celular. Desse modo, nosso objetivo é avaliar prospectivamente parâmetros imunológicos que possam contribuir para o prognóstico e grau de comprometimento imune dos pacientes coinfectados a fim de entender/predizer as recidivas de LV. Tais parâmetros incluiriam a ativação celular, senescência e diferenciação linfocitária (células T de memória e reguladoras) nas células do sangue de pacientes coinfectados estimulados com os antígenos parasitários, além da capacidade proliferativa e de produção de citocinas. Serão estudados 27 pacientes LV/HIV, acompanhados prospectivamente desde a fase ativa da LV até seis meses pós-tratamento (3 visitas). Como controles, estudaremos indivíduos portadores de LV negativos para o HIV (n= 10) e indivíduos saudáveis para ambas as infecções (n= 10). Os níveis de linfócitos T por mm3 (CD3+/CD4+, CD3+/CD8+) serão quantificados no sangue. A avaliação funcional será realizada pela fenotipagem de moléculas associadas com ativação (CD38 e HLA-DR), senescência replicativa (CD57/CD28) e diferenciação (CD45RA/CCR7) após estimulação in vitro por citometria de fluxo. A capacidade proliferativa será medida através da incorporação de BrdU nas células em divisão. Os resultados obtidos serão correlacionados a parâmetros clínicos e laboratoriais utilizados no acompanhamento desses pacientes (contagens de linfócitos T CD4+, carga viral e carga parasitária). Este estudo ajudará a entender se a intensa ativação imune, observada nesses indivíduos coinfectados, capaz de prejudicar a reconstituição imunológica pode estar contribuindo para acelerar o processo de senescência replicativa, bem como influenciando negativamente a resposta imune de memória específica em pacientes coinfectados. Tal investigação poderá trazer possíveis parâmetros laboratoriais de acompanhamento desses pacientes quanto à manutenção da remissão clínica ou mesmo para uma reativação da LV.
Estudo da funcionalidade de células de placenta humana frente a infecção pelo ZIKV
Bolsista: Graciele Maria dos Santos
Orientador(a): ELEN MELLO DE SOUZA
Resumo: A infecção pelo vírus zika (ZIKV) em mulheres grávidas está associada a uma variedade de defeitos congênitos incluindo microcefalia, calcificações intracranianas, doença ocular, déficits auditivos, restrição de crescimento intrauterino e aborto espontâneo, coletivamente denominada síndrome congênita do Zika (SCZ). Estudos demonstraram que o genoma do ZIKV foi detectado no líquido amniótico e no cérebro fetal, confirmando que o vírus atravessa a barreira placentária. No entanto, as alterações funcionais que ocorrem na interface materno-fetal e contribuem para o desenvolvimento da patogênese fetal não estão caracterizadas. Neste estudo, será investigado o quanto a infecção pelo ZIKV altera a funcionalidade de células da placenta humana em cultivo ex vivo e in vitro, através da avaliação dos parâmetros fisiológicos de: i) proliferação; diferenciação e invasão de trofoblastos de 1° trimestre, e ii) secreção dos hormônios e peptídeos tais como, estradiol; progesterona; lactogênio placentário humano (hPL); gonadotrofina coriônica humana (b-hCG); fator de crescimento placentário (PlGF); fosfatase alcalina placentária (PLAP) e antígeno leucocitário humano G1 (HLA-G1). Assim, pretendemos elucidar o envolvimento de mecanismos morfofisiológicos e endocrinológicos na possibilidade de infecção intrauterina pelo ZIKV e contribuir para a geração de conhecimento relacionado aos aspectos da patogenia do ZIKV na interface materno-fetal.
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