Bolsista: MARIA MIKAELY RIBEIRO BRITO
Orientador(a): OTACILIO DA CRUZ MOREIRA
Resumo: Até o presente momento, não se tem vacina profilática ou terapêutica aprovada para a doença de Chagas. O atual tratamento etiológico, empregando o fármaco Benznidazol, tem se mostrado eficiente na fase aguda da infecção (60 - 85% da taxa de cura), embora seu uso na fase crônica ainda seja debatido. O padrão ouro para avaliação da eficácia terapêutica é a soroconversão de testes sorológicos convencionais, que podem levar anos ou décadas para serem alcançados. Assim, o desenvolvimento de marcadores para medir respostas terapêuticas em pacientes infectados com Trypanosoma cruzi é atualmente objeto de intensa pesquisa. Os microRNAs (miRNAs) são uma classe de RNAs pequenos, de fita única, não-codificantes, que agem na regulação da expressão de RNA mensageiro alvo. Muitos patógenos, incluindo vírus, bactérias e protozoários, são capazes de manipular as redes de miRNA de células hospedeiras infectadas. Estudo prévio do nosso grupo, com microRNAoma no tecido cardíaco de camundongos infectados cronicamente com T. cruzi, analisou 641 alvos para miRNA de camundongos tratados ou não com benznidazol na fase crônica da doença experimental. Dentre estes alvos, destacou-se o miRNA-146b-5p. Em experimento confirmatório, este miRNA apresentou um nível de expressão de 1,48±0,69 no grupo não infectado, 3,92±0,97 no grupo infectado e 0,56±0,19 no grupo tratado, em animais que foram eutanasiados 30 dias após tratamento. Diante disso, formulamos a hipótese de que este miRNA poderia ser um biomarcador de resposta terapêutica ao tratamento com benznidazol. Para testá-la, pretendemos avaliar os níveis de miRNA-146b-5p no sangue de 99 pacientes crônicos oriundos do Brasil antes e em até um ano após o tratamento com benznidazol. A confirmação deste miRNA como biomarcador de resposta terapêutica abriria possibilidades para o teste de novas drogas ou esquemas terapêuticos, podendo vir a ser grande avanço para o tratamento da doença de Chagas.