Bolsista: JULIA DE OLIVEIRA FERNANDES
Orientador(a): ADRIANA CESAR BONOMO
Resumo: O tumor de mama é o segundo tipo mais comum de câncer em mulheres no mundo todo, e embora a sobrevida ao tumor primário seja geralmente alta, a doença metastática tem uma progressão rápida e uma alta taxa de mortalidade. Vários fatores, como etnia, idade, dieta, estilo de vida, reposição hormonal e fatores genéticos, estão associados ao desenvolvimento do câncer de mama. A formação de metástases depende da capacidade das células tumorais de se adaptarem ao ambiente tecidual, incluindo o sistema imunológico, e de alterarem o equilíbrio em seu favor. O microbioma consiste na comunidade de microrganismos presentes no nosso corpo, incluindo fungos e bactérias, e é sabido que estes taxons desempenham um papel essencial no desenvolvimento e funcionamento do sistema imunológico como um todo. Antígenos microbianos ou seus produtos metabólicos podem influenciar na ativação de células imunes, mesmo em locais distantes de onde os microrganismos colonizam. Diversos tecidos expressam receptores que reconhecem microrganismos, como TLRs, receptores NOD, receptores de lectina do tipo C, dectina-1 e receptores para ácidos graxos de cadeia curta. De fato, estudos têm mostrado que as bactérias comensais e, mais recentemente, os fungos têm um papel importante em doenças inflamatórias, autoimunes e também no câncer. Desta forma, a hipótese deste estudo é que a presença e/ou a qualidade da microbiota comensal pode influenciar no estabelecimento de metástases em tecidos distantes, e que essa influência esteja relacionada ao sistema imunológico. Para testar essa suposição, utilizaremos um modelo experimental de tumor de mama em camundongos fêmeas da linhagem BALB/c, onde será injetada uma linhagem de carcinoma de mama chamada 4T1, conhecida por sua alta capacidade metastática. A formação de metástases em linfonodos, baço, fígado, pulmão e osso será avaliada por meio de ensaios clonogênicos e citometria de fluxo utilizando a linhagem tumoral marcada com GFP. A influência da microbiota bacteriana e fúngica será avaliada por meio do tratamento com diferentes combinações de antibióticos e antifúngicos, transferência de microbiota fecal, co-housing dos animais e estímulos com proteínas microbianas in vivo. O perfil celular imunológico nos tecidos metastáticos também será avaliado por citometria de fluxo. Acreditamos que identificar fatores microbianos que eventualmente estão envolvidos na colonização metastática e explorar possíveis intervenções terapêuticas, como o uso de antibióticos/antifúngicos ou probióticos, pode ser decisivo na elaboração de estratégias para melhorar o prognóstico da doença.