Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 2

Revista: Edição 2 | Ano: 2024 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Obtenção de compostos heterocíclicos como híbridos multialvo com potencial atividade contra parasitos Leishmania sp.
Bolsista: RUAMA GABRIELA FELIX DAS NEVES
Orientador(a): NUBIA BOECHAT ANDRADE
Resumo: As leishmanioses são um conjunto de doenças parasitárias do grupo das doenças tropicais negligenciadas (DTNs), definidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), causadas por protozoários flagelados do gênero Leishmania sp. e da família Tripanosomatidae. Segundo a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) as leishmanioses estão entre as 10 principais DTN, com mais de 12 milhões de pessoas infectadas, sendo endêmica em 99 países distribuídos pela Europa, África, Ásia e Américas, disseminadas nas áreas tropicais e subtropicais. Existem três formas clínicas principais de leishmaniose: a leishmaniose cutânea (LC), a leishmaniose mucocutânea (LMC) e a leishmaniose visceral ou kala-azar (LV). Outros dois tipos de manifestações clínicas, mais raras, também são conhecidas: a leishmaniose cutânea difusa (LCD) e a leishmaniose dérmica pós-calazar (LDPK). Os medicamentos anti-Leishmania de primeira escolha incluem antimoniais pentavalentes, pentamidina, anfotericina B e miltefosina; a terapia tem sido problemática em grande parte devido à complexidade da doença em suas várias formas, elevada toxicidade, falta de eficácia, via de administração parenteral afetando a adesão, altos custos, resistência crescente aos medicamentos disponíveis. Nos últimos anos um esforço conjunto tem levado a descoberta de moléculas com atividade anti-Leishmania capazes de atuar sobre alvos moleculares importantes para viabilidade do parasito. Dentre os alvos terapêuticos, podemos destacar a DHODH e a NTR. A obtenção de moléculas que possam atuar em dois ou mais desses alvos pode conduzir a compostos com diferentes mecanismos de ação e, consequentemente, mais ativas, seletivas, seguras e capazes de minimizar a ocorrência de resistência pelo parasito. Apesar do grande esforço e dos progressos obtidos na quimioterapia das leishmanioses ainda se faz necessário a busca de novas substâncias para o tratamento dessa enfermidade. Visando contribuir com os esforços na busca por novas substâncias ativas contra doenças negligenciadas, esse projeto visa a síntese e a avaliação da atividade anti-Leishmania e citotóxica de novos derivados contendo sistemas heterocíclicos (nitroazóis e triazolopirimidinas ) capazes de atuar sobre alvos terapêuticos de Leishmania sp. (DHODH e NTR).
Influência das monoaminoxidases e transportadores de dopamina no comportamento agressivo induzido pelo estresse nos camundongos Swiss Webster.
Bolsista: LUCAS SAMPAIO ARMADA
Orientador(a): VIVIANE MUNIZ DA SILVA FRAGOSO
Resumo: A agressão é definida como um ato que um indivíduo prejudica ou lesa outro(s) de sua própria espécie de forma intencional, sendo uma das causas a presença de transtornos psiquiátricos. Quando a agressão se apresenta de forma exacerbada e constante pode ser considerada patológica, e decorrente de um alto nível de estresse. Utilizando o Modelo Espontâneo de Agressividade (MEA) observamos que alguns indivíduos machos adultos da linhagem Swiss Webster, quando reagrupados, apresentam comportamento altamente agressivo após sofrerem o estresse do reagrupamento. Em estudos prévios observamos um aumento dos níveis de dopamina no córtex pré-frontal dos animais agressores do MEA, e nenhum aumento nos níveis de cortisol nesses animais, sugerindo uma redução na capacidade de desenvolver uma resposta adaptativa ao estresse social provocado pelo reagrupamento. Uma redução do comportamento agressivo após o tratamento com antipsicóticos de uso clínico (haloperidol e risperidona) também foi observado nesses animais, reforçando a influência da dopamina no comportamento agressivo dos animais sob estresse. Além disso mostramos que os níveis do receptor dopaminérgico D1 estão diminuídos nos camundongos altamente agressivos e sugerimos que o aumento de dopamina na fenda sináptica pode ser devido a alterações no transportador de dopamina (DAT) e na enzima monoaminoxidase (MAO). Já foi demonstrado que alterações no transportador de dopamina (DAT) estão presentes em camundongos com deficiência cognitiva e hiperatividade no córtex pré-frontal, e a diminuição na expressão da monoaminoxidase resulta em uma menor ação do eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA) em resposta ao estresse. Sendo assim, iremos investigar se há alterações na MAOA, MAOB e DAT nas regiões cerebrais do córtex pré-frontal, amígdala, hipocampo, hipotálamo e hipófise entre os camundongos Swiss Webster submetidos ao MEA. A primeira etapa da pesquisa será aplicar o modelo espontâneo de agressividade. Camundongos machos da linhagem Swiss webster (n = 30), com 3 semanas de vida, serão requisitados ao Centro Multidisciplinar para Investigação Biológica na Área da Ciência em Animais de Laboratório – CEMIB da UNICAMP. Ao recebermos os animais será realizada a identificação individual (C1 a C5) e agrupados aleatoriamente em 6 grupos (A1 a A6). Na 4ª, 6ª e 8ª semanas de vida, realizaremos o Teste de Suspensão da Cauda (TSC), Etograma e Padrão de Comportamento Agressivo (PCA). Na 10ª semana de vida, será realizada a classificação dos animais de acordo com o TSC, seguido do reagrupamento desses animais, em 5 caixas (R1 a R5) contendo 5 animais em cada, utilizando como critério de escolha para composição do grupo: 1 indivíduo Hiper, 1 indivíduo Hipo e 3 animais Med. Uma gaiola, contendo 5 animais, não será reagrupada (NR), tornando-se nosso controle negativo. Na 12ª, 14ª e 16ª semanas de vida, os testes de etograma e padrão de comportamento agressivo serão repetidos, e os animais serão categorizados em Harmônicos (Har), indivíduos que apresentaram convívio harmônico e sem lesões corporais, tornando-se nosso controle positivo; Agredidos (AgD), animais que apresentam lesões corporais decorrentes de brigas, lutas e agressões; e Agressores (AgR), indivíduos que apresentam alta agressividade em relação aos outros indivíduos do grupo, possibilitando a reprodutibilidade do comportamento agressivo entre os animais. Após a categorização, os animais serão eutanasiados e amostras do tecido cerebral serão coletados para as análises de MAO e DAT por Western Blot. Em seguida, análise estatística dos resultados serão realizadas. Todos os procedimentos experimentais foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais do Instituto Oswaldo Cruz (CEUA/IOC) sob a licença número (L-032/2019-A1) de acordo com a Legislação brasileira e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONCEA).
Infecção experimental com a cepa selvagem Leishmania infantum (RRCAN/BR/23/UDIB) em modelo hamster: acompanhamento de parâmetros clínicos
Bolsista: LIVIA CASSIA DA SILVEIRA CUNHA
Orientador(a): GUSTAVO FONTES PAZ
Resumo: A leishmaniose visceral no Brasil é uma doença causada pelo protozoário Leishmania infantum. A doença pode ser observada principalmente em humanos e em cães. Casos humanos geralmente são precedidos por casos caninos, desta forma, uma medida que pode ser eficaz é um tratamento para a cura da doença nos cães, prevenindo assim a doença humana. Os objetivos deste trabalho foram avaliar os parâmetros clínicos dos animais infectados experimentalmente. O desenho do estudo é do tipo caso controle, pré-clínico, utilizando hamster (Mesocricetus auratus), como modelo experimental. Foram utilizados 30 animais para este estudo, divididos em 3 grupos (G1 quimioterápico A1, G2 quimioterápico A2, G3 grupo controle). Os animais foram infectados experimentalmente com uma cepa recém isolada de cão, infectado naturalmente por L. infantum. Os hamsters infectados foram avaliados periodicamente para monitoramento dos parâmetros fisiológicos e peso. Antes e depois da infecção experimental, os animais foram monitorados a cada 1 hora, 3 horas, 6 horas, 24 e 48 horas. Após esse período, os animais foram observados 1 vez ao dia, durante a primeira semana, e 1 vez por semana durante o restante do estudo. As análises foram realizadas por meio do ajuste das equações de estimação generalizadas (GEE) (Goetgeluk e Vansteelandt, 2008). A distribuição utilizada no ajuste de todos os modelos foi a Gaussiana (Normal). O nível de significância utilizado em todos os testes foi o de 5%, padrão para análises nas áreas da saúde/biológica. Durante a inspeção física, foi possível observar que dois animais apresentaram algumas lesões decorrentes de brigas entre eles. Com relação ao peso, as curvas dos grupos G1 e G2 podem ser consideradas estatisticamente semelhantes e a tendência de crescimento no tempo de observação foi considerada estatisticamente significativa. O grupo G3 começa com peso médio estatisticamente diferente de todos, e sua evolução permanece diferente de todos os grupos. Com relação à temperatura, houve efeito estatisticamente significativo do tempo no aumento da temperatura de todos os grupos. Os dados foram analisados até o início do tratamento dos fármacos.
Caracterização molecular de isolados clínicos de Pseudomonas aeruginosa coprodutores de carbapenemases
Bolsista: Joanderson Cadena da Silva
Orientador(a): CLAUDIO MARCOS ROCHA DE SOUZA
Resumo: As principais opções terapêuticas para o tratamento das infecções por Pseudomonas aeruginosa são os carbapenemas. Entretanto, têm sido observados índices crescentes de resistência a essas drogas. O mecanismo de resistência de maior importância epidemiológica é a produção de carbapenemases (enzimas que hidrolisam praticamente todos os beta-lactâmicos). O principal grupo de carbapenemases em P. aeruginosa são as Metalo-beta-lactâmases (MBL), sendo as do tipo IMP, VIM e NDM as mais disseminadas mundialmente. Entretanto, no Brasil, a SPM é a MBL mais prevalente em P. aeruginosa, sendo descrita em diversos estados brasileiros desde 2003. Isolados produtores de carbapenemases, geralmente, acumulam diferentes mecanismos de resistência às demais opções terapêuticas (aminoglicosídeos, fluoroquinolonas e polimixinas), tornando estes isolados MDR ou XDR. Apesar dos mecanismos mutacionais serem os prevalentes em P. aeruginosa é possível observar um aumento de carbapenemases nesta espécie, incluindo a coprodução de carbapenemases, principalmente após a pandemia pela COVID-19. Desta forma, é fundamental compreender a epidemiologia, mecanismos de resistência e as características moleculares que possam contribuir para disseminação de alto risco da coprodução de carbapenemases em P. aeruginosa no Brasil. Diante disto, buscamos entender a epidemiologia e disseminação dos isolados coprodutores de carbapenemases em P. aeruginosa a fim de entender os fatores associados a sua disseminação e detecção.
Usabilidade do aplicativo CADE – Consumo Alimentar no Domicílio e na Escola
Bolsista: THAIS SILVA SANTOS
Orientador(a): MARINA CAMPOS ARAUJO
Resumo: A má nutrição se caracteriza pelo acesso à alimentação em quantidade e qualidade inadequadas e/ou insuficientes, e se relaciona a problemas como desnutrição, deficiências nutricionais, sobrepeso, obesidade e doenças crônicas não transmissíveis. A investigação da alimentação de crianças é considerada essencial na avaliação do estado nutricional e na predição da situação de saúde na infância, uma vez que os hábitos são desenvolvidos nessa fase, podendo permanecer na vida adulta. Contudo, avaliar o consumo alimentar de crianças em idade escolar não é uma tarefa trivial e contém particularidades relevantes. Nesta fase da vida, as crianças passam por um importante desenvolvimento e crescimento social, cognitivo e emocional. Elas migram do consumo de alimentos, da maior parte sob o controle e a observação dos adultos para, cada vez mais, a decisão por suas preferências alimentares. Nos últimos anos, muitos avanços na aplicação de tecnologia na área de avaliação do consumo alimentar foram observados. Acredita-se que, especificamente para crianças, a tecnologia pode também auxiliar na estimativa das quantidades consumidas por meio do uso de imagens. Considerando a ausência de recurso tecnológico desenhado para avaliar de forma qualitativa e quantitativa a alimentação de crianças em idade escolar foi desenvolvido o aplicativo CADE - Consumo Alimentar no Domicílio. O CADE consiste num aplicativo online para dispositivos móveis, smartphones e tablets, disponível na plataforma Android, que permite a avaliação da alimentação de crianças escolares entre 4 e 9 anos de idade de forma autorelatada. O objetivo deste subprojeto é testar a usabilidade do aplicativo CADE. O aplicativo possui três interfaces principais que contempla a alimentação nos ambientes escolar, por meio de um registro alimentar, e domiciliar (incluindo restaurantes e afins e delivery), por meio de um recordatório de 24 horas de múltiplos passos aliado a um questionário de propensão alimentar. A terceira interface permite a digitação de dados dietéticos previamente coletados. A ferramenta apresenta um banco de dados com mais de 2000 itens alimentares usualmente consumidos por crianças escolares brasileiras de diversas regiões do país. O aplicativo permite o detalhamento dos itens alimentares, por meio de perguntas sobre a forma de preparação, adição de alimentos, tipo de unidade de medida caseira (incluindo fotos digitais de utensílios domésticos e porções de alimentos), como também a coleta de informações sobre a realização de atividades da criança durante as refeições, registro de foto das refeições, relato de repetição e sobra no consumo de alimentos, além do recebimento de notificações no dispositivo móvel para lembrar o usuário do preenchimento de dados da alimentação da criança. O usuário do aplicativo são os responsáveis pela criança no ambiente escolar e domiciliar. Será selecionada uma amostra de conveniência de 100 responsáveis por crianças entre 4 e 9 anos em escolas particulares de Niterói. Para avaliar a usabilidade do aplicativo CADE (Registro INPI: BR512021001151-1) no ambiente domiciliar, o responsável pela criança irá preencher um teste empírico denominado System Usability Scale (SUS) desenvolvido por Brooke. De forma complementar, graduandos ou profissionais da área de nutrição treinados irão preencher as informações referentes ao consumo alimentar das mesmas crianças no ambiente escolar e também preencher o teste SUS.
Fatores associados ao uso de bicos artificiais nos primeiros dias de vida
Bolsista: THAMARA DA SILVA APOLINARIO
Orientador(a): FERNANDA REBELO DOS SANTOS
Resumo: Introdução: O uso de bicos artificiais, como chupetas e mamadeiras, é difundido culturalmente e amplamente empregado para acalmar bebês e oferecer alternativas ao leite materno. No entanto, estudos indicam associações entre o uso desses bicos e diversos riscos à saúde e ao desenvolvimento infantil, incluindo dificuldades na amamentação, desmame precoce e problemas de saúde a longo prazo, como atrasos de fala e alterações na dentição e estruturas orofaciais. Objetivo: Descrever o uso de bicos artificiais nos primeiros dias de vida e sua associação com fatores socioeconômicos, demográficos, estilo de vida e história reprodutiva. Métodos: O estudo faz parte do projeto APPLE, uma coorte prospectiva com 4 ondas de seguimento, realizada no Instituto Fernandes Figueira (IFF/ Fiocruz). Para esse subprojeto serão utilizados dados transversais da primeira onda de seguimento, com lactentes de até 15 dias pós-parto, realizando aleitamento exclusivo. O uso de bicos artificiais é a variável dependente, enquanto características socioeconômicas, demográficas, estilo de vida e história reprodutiva serão tratadas como variáveis independentes. Essas variáveis incluem idade, cor da pele, estado marital, renda, nível educacional, tabagismo, etilismo, entre outros. São utilizados questionários estruturados para obter as variáveis de interesse. Os resultados serão relevantes para melhor compreender os fatores associados ao uso de bicos artificiais nos primeiros dias de vida, visando orientar intervenções e práticas de saúde mais eficazes.
Página 17 de 56 páginas.